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SEAL's no Afeganistão

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Mensagem por Admin Seg Set 29, 2014 11:26 pm

SEALS ABATIDOS PODEM TER CHEGADO PERTO DE BIN LADEN.

Tony Allen-Mills, Washington e Andrew North, Cabul – The Sunday Times – 10 de julho de 2005.

O primeiro sinal de problemas foi uma mensagem radiofônica requisitando imediata exfiltração. Uma equipe de quatro commandos SEAL da Marinha dos Estados Unidos caiu sob pesado fogo inimigo numa remota, densamente arborizada, trilha nas montanhas do Afeganistão oriental.

Os problemas transformaram-se em desastre quando um helicóptero das Forças Especiais americanas, levando 16 homens, foi abatido enquanto aterrizava no local, matando todos à bordo. Quase duas semanas mais tarde, uma missão que levou às piores perdas em combate dos Estados Unidos no Afeganistão, desde a invasão de 2001, transformou-se numa extraordinária caçada humana. Ela também abriu uma intrigante nova frente na batalha da coalizão contra o terrorismo.

A história da Operação “Red Wing”, uma busca sob liderança americana, aos guerrilheiros do Taliban e da al-Qaeda nas vastidões montanhosas da província de Kunar, contém um notável drama humano e um não resolvido mistério militar.

Por cinco dias, em meio aos picos e ravinas hostis ao longo da fronteira do Afeganistão com o Paquistão, um solitário commando americano evadiu-se dos guerrilheiros que haviam matado, pelo menos, dois de seus colegas e destruído um helicóptero “Chinook”.

Quando o anônimo SEAL finalmente sucumbiu à exaustão, foi encontrado por um aldeão afegão amistoso que chamou as forças americanas. A subseqüente busca por seus colegas recuperou dois corpos e a caçada humana pelo quarto commando continua nesta semana, apesar das afirmações dos guerrilheiros Talibans, ontem, de que ele teria sido capturado e decapitado.

“Nós o matamos às 11 horas de hoje; nós o matamos usando uma faca e arrancamos fora sua cabeça”, declarou Abdul Latif Hakimi, um porta-voz do Taliban que emitiu várias declarações falsas no passado.

Ainda assim, qualquer que seja a lista final de mortos do pior incidente na história dos SEALs – Commandos de Mar-Ar-Terra – haviam sinais desesperadores de que a missão original estaria longe de ser rotina.

De acordo com antigos oficiais de forças especiais e outras fontes militares, a equipe de ataque de quatro homens SEAL pode ter chegado perto demais de um dos alvos de mais alta prioridade da coalizão liderada pelos EUA – talvez Mullah Omar, o antigo líder Taliban, ou mesmo Osama bin Laden, o líder da al-Qaeda. Outras fontes militares sugerem que o alvo era um comandante regional do Taliban, suspeito de ter laços com al-Qaeda.

Ontem, mais de 300 soldados americanos estavam passando o pente-fino na área em busca de sinais do commando desaparecido e dos militantes que, aparentemente, utilizaram um lança-rojão RPG para destruir o "Chinook."

Outros helicópteros e drones de controle remoto estão voando por sobre vales profundos, inacessíveis. Tempestades estão retardando a busca, e há o perigo de crescente hostilidade local após afirmativas de que mais de 25 civis morreram quando aviões americanos bombardearam uma instalação na província de Kunar, semana passada.

Funcionários americanos insistem que a instalação era utilizada por militantes e um porta-voz disse que o ataque, com armas guiadas de precisão, foi parte de uma operação “conduzida pela inteligência”.

Mas Hamid Karzai, presidente do Afeganistão pró-EUA, preveniu Washington que baixas civis podem erodir o apoio público à coalizão.

Foi tarde da noite de terça-feira, 28 de junho, que o tenente Michael Murphy e três membros de sua equipe especializada reportaram um encontro com o inimigo.

Porta-vozes do Pentágono disseram que a unidade estava engajada em reconhecimento geral como parte de uma varredura através da região, em meio a temores de que o Taliban e a al-Qaeda estavam, calmamente, sendo reagrupados e se preparando para um insurgência ao estilo do Iraque.

Ainda assim, outras fontes das forças especiais observaram que pequenas unidades SEAL, como a de Murphy são, primariamente, designadas para ocultação e ação furtiva, o que indica uma missão mais específica.

“Sua inserção representou um risco extraordinário”, disse o autor de um influente blog militar, conhecido como Wretcard. “Eles estariam operando em uma área que se sabia ser uma fortaleza do Taliban, onde qualquer contato com o inimigo, automaticamente, significaria que eles estariam grandemente superados”.

Outra fonte observa que a unidade de Murphy ostentava todas as marcas registradas de uma equipe de tocaieiros de longo alcance, enviada para caçar um alvo particular. SEALs da Marinha americana são treinados para passar longos períodos operando clandestinamente.

“O fato de que os americanos não enviaram várias centenas de soldados para uma varredura, ao invés de uma equipe de reconhecimento de quatro marinheiros, sugere fortemente que a missão da equipe era fixar um alvo muito importante, antes que ele pudesse fugir de um assalto aeromóvel”, disse Wretcard.

Qualquer que fosse o real objetivo da equipe, ela se encontrou encurralada por pesadas chuvas com a escuridão caindo. Veteranos SEAL se vangloriam de nunca chamarem por socorro, a não ser em absoluto desespero. Exatamente o que aconteceu à Murphy e sua equipe permanece desconhecido, mas os comandantes na base aérea de Bagram, próximo a Cabul, não gastaram tempo em despachar mais oito SEALs em um helicóptero tripulado por oito membros de uma unidade de elite do Exército.

Quando ele estava se aproximando para aterrisar no vale do Waigal, próximo à capital provincial de Asadab, o helicóptero foi atingido pelo que os oficiais acredtam ter sido um rojão anti-tanque RPG, disparado da cobertura de árvores próximas. 1

O tenente-general James Conway, chefe de operações no Pentágono descreveu isso como um “danado de tiro sortudo”, mas quando as comunicações com o “Chinook” foram perdidas, os comandantes não correram riscos. A próxima onda de tropas desembarcou à distância segura e levou 24 horas para alcançar o sítio, onde foi confirmado que todos os 16 homens no helicóptero tinham morrido.

Para os quatro SEALs no terreno, uma desesperada batalha pela sobrevivência tinha começado. A história deles pode nunca ser contada no todo, até que o destino do quarto membro da equipe esteja claro – o único SEAL que sobreviveu foi escrutinado pelos oficiais militares, mas o Pentágono liberou, somente, o mais breve resumo de sua história por temor de comprometer as operações em andamento na área.

Dos detalhes liberados, parece que os SEALs podem ter descartado suas mochilas para se movimentarem mais rápido no terreno agreste. Ex-oficiais das forças especiais disseram que, ao enfrentarem um inimigo superior, os commandos iriam fornecer, uns aos outros, fogo de cobertura, enquanto montavam uma retirada em fases.

Comandantes da coalizão reconhecem que apesar de todo o seu armamento superior e comunicações, as forças americanas estão em desvantagem no combate nas montanhas afegãs. 2

Em algum ponto, na batalha na montanha, Murphy, 29 anos foi morto. E também o Suboficial (Petty Officer) Danny Dietz, 25 anos. Mas, pelo menos, um dos quatro SEALs sobreviveu.

Quando foi achado na última semana, ele estava há vários quilômetros dos destroços do helicóptero. Um ancião nativo amistoso notificou as autoridades que ele estava tratando um americano ferido. O commando foi levado de avião até Bagram, onde seus ferimentos foram considerados não ameaçarem sua vida.

Funcionários americanos ainda não explicaram como o SEAL sobrevivente se extraviou de seus colegas desaparecidos. Os dois commandos caídos foram considerados “mortos em ação”.

Para algumas fontes militares americanas, a força enviada para a área sugere mais que uma simples busca por um marinheiro que esteve desaparecido por 11 dias. A caçada humana pode estar fornecendo cobertura para o que pode ter sido a missão original – rastrear um fugidio alvo de “alto valor” que pode estar, de novo, perto de escorregar para longe.

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Mensagem por Admin Seg Set 29, 2014 11:27 pm

EMBOSCADA EM TAKUR GHAR.

Por Bradley Graham – Washington Post Staff Writer – 24 de maio de 2002.

Um chamado tinha chegado ao quartel-general logo antes do alvorecer: um equipe SEAL da Marinha estava debaixo de fogo numa crista montanhosa afegã e precisava de ajuda. Enquanto rumavam de helicóptero para o local, o capitão Nathan Self e seu pelotão de Rangers do Exército estavam excitados com a perspectiva de engajarem a al-Qaeda. Eles tinham passado mais de dois meses no Afeganistão sem um tiroteio.

Eles não sabiam quantos combatentes inimigos tinham pela frente. Não sabiam, exatamente, onde o inimigo poderia estar. Não sabiam, exatamente, onde os marinheiros SEAL estavam, também. E não sabiam que estavam para perder a vantagem da escuridão, voando às primeiras luzes da manhã.

Dois helicópteros americanos já tinham recebido fogo enquanto tentavam pousar na crista, durante as três horas anteriores, e dois soldados americanos tinham sido mortos. Por volta das 6:15 daquela manhã, 4 de março de 2002, o hlcp de Self, um Chinook preto, de 16 m, alcançou a crista e começou a descer.

O hlcp ainda estava há uns 6 m do chão quando um rojão anti-tanque RPG chocou-se contra seu motor direito, inutilizando-o. Fogo de metralhadoras inimigas atravessou a fuselagem. As balas começaram a abrir buracos na carlinga de vidro.

O hlcp tremeu e caiu, pousando com força bastante para mandar os rangers e tripulantes voando até o piso. Em segundos, quatro homens no helicópteros estavam mortos, e os sobreviventes lutando por suas vidas.

Pelo fim do dia, um sétimo soldado, um especialista em busca e resgate da Força Aérea, iria sangrar até a morte enquanto os apelos de Self por urgente evacuação foram rejeitados por seus superiores, que não queriam mais tentativas der resgate à luz do dia.

O que se tornou uma provação no topo de uma crista montanhosa inimiga, gélida e desolada, custaria sete vidas americanas, mais mortes em combate do que qualquer unidade americana tinha sofrido em um só dia desde 1993, quando 18 rangers e operativos das Forças Especiais morreram em batalha, em Mogadiscío, Somália. Como a operação foi conduzida revelou sérias deficiências na coordenação e comunicação das forças armadas americanas no Afeganistão. Como ela se desenrolou ilumina o extraordinário empenho dos soldados americanos em não deixarem camaradas para trás. O episódio inteiro se originou da tentativa de resgatar um único SEAL, que havia caído de um helicóptero na ação inicial e foi, rapidamente, fuzilado pelo inimigo.

O tiroteio na montanha Takur Ghar ocorreu no terceiro dia da Operação ANACONDA, uma varredura americana de três semanas contra as forças do Taliban e da al-Qaeda no vale Shahikot no leste do Afeganistão. A batalha de Mogadíscio, nove anos atrás, precipitou a retirada das forças americanas da Somália. Essa, os funcionários do Pentágono creditam por ter reforçado o empenho da administração Bush em perseguir a guerra, mesmo em face de baixas militares americanas. Esforços estão sendo empreendidos para conceder algumas das mais elevadas condecoração militares àqueles que lutaram na montanha.

Mesmo assim, as circunstâncias que levaram ao combate na crista tem sido motivo para extensa revisão no Comando de Operações Especiais, que tem a responsabilidade por algumas das forças militares de elite, incluindo os SEALs da Marinha. Os comandantes de operações especiais lideraram o esforço de resgate integrado.

O exame atento do esforço indica que as fontes de inteligência americanas falharam em detectar combatentes inimigos na crista, deixando os comandantes presumirem que ela era segura. Mesmo após descobrirem o contrário, os oficiais americanos despacharam os SEALs de volta à crista onde eles tinham primeiramente caído debaixo de fogo, mandando-os, de frente, para outra emboscada. Self e seus rangers, então, terminaram indo para o mesmo ponto, sem saberem, devido à falhas do equipamento de comunicações, que os SEALs já tinham se retirado do topo da crista.

Um avião artilhado AC-130 que poderia ter fornecido fogo de cobertura para os Rangers foi tirado de cena, justamente quando eles chegaram, devido às regras proibirem o uso aviões de guerra de baixa velocidade em vôo baixo, durante a luz do dia. Um drone não-tripulado “Predator” efetuou imagens de vídeo do desenrolar da luta, dando aos comandantes no posto de comando da base aérea de Bagram, cerca de 160 quilômetros ao norte, e tão longe quanto o Comando Central dos Estados Unidos, em Tampa, imagens em tempo real do combate. Mas pouco da informação foi, inicialmente, vazada para a tropa.

O episódio levou a algumas mudanças dentro das Operações Especiais, tencionadas a aperfeiçoar as comunicações e o fluxo de informação para as equipes de resgate. Os comandantes também estão tomando alguns passos para promover coordenação mais cerrada entre as unidades convencionais e de operações especiais no Afeganistão, que tem cadeias de comando separadas.

Este relato é tirado de extensas entrevistas com rangers, que estão de volta aos Estados Unidos, e também com controladores aéreos da Força Aérea, pará-quedistas de resgate da Força Aérea e tripulantes de helicópteros do Exército que levaram a equipe de Operações Especiais e os rangers até a crista. Os tripulantes dos hlcp pediram que apenas seus primeiros nomes fossem utilizados; um ranger solicitou que seu nome fosse omitido.

Aqueles que sobreviveram ao combate estão relutantes em criticarem as decisões dos superiores. Mas alguns oficiais superiores, familiares com a operação de resgate, tem levantado questões sobre como ela foi administrada. Aviões poderiam ter atacado as posições da al-Qaeda antes que os elementos de resgate pousassem? Poderiam as falhas de comunicação que atrapalharam o esforço de resgate, terem sido sanadas? Poderiam os Rangers terem sido despachados mais cedo, lhes permitindo manter a vantagem da escuridão?

“Ao invés disso,, foi um ‘tiroteio no OK Corral’, em plena luz da manhã,’ disse um oficial Ranger.

UM PEDAÇO DE TERRENO DOMINANTE.

Os primeiros sinais de problemas apareceram por volta das 3:00 a.m., quando um MH-47E “Chinook”, transportando marinheiros SEALs e um controlador de combate de Operações Especiais da Força Aérea tentaram desembarcar em uma crista com uma ampla vista do lado oriental do vale Shahikot, numa montanha que os militares americanos apelidaram, “Ginger”.

Os comandantes americanos lançaram a Operação ANACONDA, em 2 de março, contra membros da al-Qaeda e seus aliados da milícia Taliban. Ainda era inverno nas ameaçadoras montanhas orientais do Afeganistão, onde as temperaturas noturnas mergulhavam assustadoramente e a neve nas linhas de cristas atingia o joelho.

Os planejadores militares tinham informações de que as forças inimigas estavam se concentrando no vale Shahikot. O plano era para tropas amistosas afegãs liderarem o assalto vindas do noroeste, empurrando os combatentes inimigos para as posições de bloqueio americanas, ao longo da serrania oriental.

Ao invés disso, o avanço afegão empacou e se descobriu que a serra oriental estava fervilhando de combatentes da al-Qaeda. Enquanto tropas da 10ª Divisão de Montanha tentavam entrar em posição para bloquear as rotas de fuga no vale ao sul, elas cairiam debaixo de pesado fogo de morteiro e metralhadora pesada das redondezas de Ginger.

Elementos da 10ª de Montanha se reagruparam com planos de inserir forças adicionais ao norte de Ginger e mover-se para o sul, para atacar. Ao mesmo tempo, na noite de 3 de março, os comandantes americanos buscavam obter um quadro de primeira mão através da colocação de uma equipe de reconhecimento no topo da serra.

Ela era uma peça dominante do terreno, e se tivéssemos um observatório lá, isso nos daria um campo de visão de 360º por várias trilhas tanto quanto o Shahikot,” explicou o majo-general do Exército Franklin L. “Buster” Hagenbeck, que estava comandando a Operação ANACONDA de seu quartel-general em Bagram.

O topo da serra, com 3100 m, era considerado como desabitado. Aviões americanos tinham, repetidas vezes, bombardeado a área, e a vigilância aérea tinha demonstrado poucos sinais de vida no topo. Os comandantes escolheram uma equipe de reconhecimento de sete elementos de operações especiais, para irem até Ginger. Todos, exceto um, eram SEALs da Marinha.

O “Chinook” transportando a equipe de reconhecimento, com o codinome, “Razor 3”, deixou a área de concentração, em Gardez, com um segundo helicóptero, “Razor 4”, que deveria lançar outra equipe de operações especiais em outra parte no vale e, então, se encontrar com “Razor 3” para a viagem de volta. Os helicópteros eram tripulados pelo 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais, uma unidade especial do Exército conhecida como os “Night Stalkers”. Seus pilotos estavam acostumados a operar em missões dissimuladas por trás das linhas inimigas. O 2º Batalhão do 160º estava no Afeganistão desde outubro, voando em algumas das mais delicadas missões.

“Antes de irmos para lá, o plano era para um AC-130 reconhecer a área e se certificar de que tudo estava limpo,” relembra Alan, o piloto de “Razor 3”. “Numa missão de reconhecimento como essa, você não quer pousar onde o inimigo esteja.”

O helicóptero tocou o terreno numa pequena depressão próximo ao topo da crista, e os SEALs entraram em posição na porta traseira para saírem. Na testa da fileira estava o suboficial 1ª Classe (Petty Officer 1st Class) da Marinha Neil C. Roberts.

A tripulação do hlcp relatou a presença de uma metralhadora pesada, cerca de 45 m à frente do nariz da aeronave. Mas a arma parecia desguarnecida, uma visão não incomum no Afeganistão, cujas cristas de montanhas e cavernas estavam juncadas com tanques e canhões anti-aéreos aparentemente abandonados. Os SEALs anunciaram que estavam saindo.

Nesse momento, fogo de metralhadora irrompeu de várias direções, costurando o hlcp. Um rojão anti-tanque RPG veio da esquerda, rasgando a baia de carga e explodindo.

“Eu vi um grande clarão”, disse Jeremy, um dos tripulantes. “No momento em que recuperei os sentidos, estávamos voando de volta da montanha.”

Dan, o tripulante na parte direita de trás, gritou para o piloto: “Estamos sob fogo! Vai! Vai! Vai!” O piloto tentou, mas o rojão colocou em curto-circuito a energia elétrica e danificou seu sistema hidráulico. O fogo de metralhadora havia perfurado linhas de combustível e a fiação. O hlcp corcoveava e tremia enquanto decolava.

Num desses solavancos, o SEAL Roberts saiu voando pela rampa de trás.

Alexander, um dos tripulantes da traseira, tentou agarrá-lo, mas perdeu o equilíbrio na rampa, escorregando no óleo e no fluído hidráulico. Ele ficou pendurado na beirada, salvo, somente, por suas correias de segurança. Dan o puxou de volta.

O piloto, pensando que um motor estava fora de ação, colocou o hlcp em mergulho, esperando ganhar velocidade. Logo, percebendo que ambos os motores estavam trabalhando, ele nivelou o hlcp e tentou ascender.

“A coisa estava balançando como uma máquina de lavar roupa desnivelada,” relembra. “Haviam buracos nas lâminas do rotor, e os mecanismos hidráulicos estavam fazendo coisas gozadas”.

Informado de que Roberts tinha caído, o piloto tentou voltar. Mas sem fluído hidráulico algum, os controles travaram. Dan, tendo acabado de puxar Alexander para a segurana, agarrou uma bomba manual e começou a bombear, furiosamente, combustível hidráulico sobressalente no sistema.

“Os controles retornaram,” disse o piloto. “Eu nivelei e disse, ‘Sinto pessoa, mas vamos ter de abortar.’ “

O “Chinook” se arrastou para o norte, seus controles tendo congelado, mais duas vezes, enquanto a tripulação tentava, desesperadamente, achar um local para pousar no vale abaixo. Com seu rádio fora de ação, “Razor 3” não podia contatar “Razor 4”, que estava começando a se perguntar por onde por quê seu parceiro não tinha aparecido no ponto e encontro. “Razor 3”, finalmente conseguiu um lugar para descansar na extremidade norte do vale, cerca de 6 Km do topo da crista. Os membros da tripulação nem mesmo tinham certeza se já estavam fora da zona de batalha.

Os SEALs e a tripulação saíram do hlcp para tomar posições de combate. Mike, o engenheiro de vôo, agarrou uma foto de seu filho de 2 anos de idade, imaginando se alguma ainda veria seu filho de novo.

“Razor 3” logo foi informado de que “Razor 4” estava à caminho para recolhê-los. Ele chegou em cerca de 30 a 45 minutos. As duas equipes discutiram sobre retornar imediatamente para Ginger, a fim de resgatar Roberts, mas com a tripulação de “Razor 3” também à bordo, “Razor 4” ficaria pesado demais para alcançar a crista. Deixar a tripulação de “Razor 3” no vale, enquanto “Razor 4” transportava os SEALs de volta também não era solução: relatórios estavam chegando pelo rádio de forças inimigas cerca de 1000 m dali e se aproximando rápido.

Portanto, a única opção era voltar para Gardez, deixar lá a tripulação de “Razor 3”, então levar a equipe SEAL no “Razor 4” para ir atrás de Roberts.

Dois dos tripulantes de “Razor 4” tinham entrado no “Razor 3”, que estava há uns 60 m além, para realizar uma varredura final na aeronave. De repente, correndo para saírem após receberm informes de combatentes inimigos próximos, aqueles no “Razor 4” tentaram, utilizando sinais lases e outros meios, chamar a atenção dos tripulantes no outro helicóptero – em vão.

“Foi um momento de puro pânico,” relembra o piloto do “Razor 4”.

Decolando, apressadamente, “Razor 4” pousou em frente de “Razor 3”, recuperou os tripulantes e rumou para Gardez. Lá, deixou a outra tripulação e – com os SEALs e o sargento John A. Chapman, controlador aéreo, à bordo – rumou de volta para Ginger, e Roberts.

Na base aérea de Bagram, fora de Kabul, o estado-maior do comando estava, desesperadamente, tentando descobrir a localização e as condições de Roberts. Oficiais americanos dizem que ninguém sabia, exatamente, o que havia transpirado durante os poucos minutos seguintes na crista. Não havia nenhuma aeronave de vigilância sobre a montanha no momento em que Roberts caiu do helicóptero.

Baseado em evidências forenses, coletadas posteriormente no cenário, oficiais do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos concluíram que Robert sobreviveu à curta queda, provavelmente ativou uma luz estroboscópica infravermelha e engajou o inimigo com sua Arma Automática de Esquadra M-249, uma metralhadora leve conhecida como SAW.

“Ele estava lá, se movimentando em volta do objetivo por algum tempo, pelo menos, meia hora,” disse Hagenbeck. Uma canhoneiro AC-130 rumou para a área e relatou ter visto o que a tripulação acreditava ser Roberts cercado por quatro a seis combatentes inimigos. Enquanto um drone “Predator” chegou para fornecer imagens de vídeo, o luz estroboscópica apagou.

Hagenbeck diz que a imagem captada pelo drone parecia mostrar Roberts sendo feito prisioneiro. “A imagem era ruim, mas nós acreditamos que ela mostra três al-Qaedas capturando Roberts e levando-o para o lado sul de Ginger, desaparecendo numa linha de árvores,” disse Hagenbeck. “Isso foi entre 15 e 20 minutos antes que a primeira equipe de resgate chegasse.”

A revisão pelo Comando de Operações Especiais concluiu que Roberts foi alvejado à curta distância. O SAW dele foi encontrado próximo ao seu corpo com sangue nele, junto com outras evidências de que ele tinha conseguido disparar alguns tiros. Alguma munição permanecia na arma, sugerindo que ela havia enjambrado.

Não está claro quanta dessa informação os comandantes retransmitiram para “Razor 4” enquanto ele levava, à toda velocidade, os camaradas de Roberts de volta para Ginger. Incerta sobre a situação de Roberts, a equipe de resgate aproximou-se da crista com cautela, determinada a não disparar às cegas por medo de atingir o SEAL extraviado.

O piloto do “Razor 4” nunca tinha voado em zona quente de desembarque. O “briefing” que ele havia recebido do piloto do “Razor 3” deu-lhe alguma confiança de que ele não iria ser pego de surpresa. Ele achava que tudo que tinha a fazer era por o hlcp no chão, tempo o bastante para deixar os SEALs saírem.

Cerca de 12 m acima do chão, o piloto viu o clarão da boca de uma metralhadora bem à frente do nariz da aeronave. “Eu pensei, ‘Oh, isso vai doer,’ “ disse ele. “E, então, o segundo pensamento foi, ‘Como foi que me meti nisso?’ Mas tínhamos de ir. Tínhamos de colocar esses caras lá.”

As rajadas começaram a atingir a aeronave, “batendo e atravessando tudo”, nas palavras de um tripulantes.

Hagenbeck, assistindo as imagens do “Predator”, viu “Razor 4” aterrisar e os SEALs e Chapman correrem para fora, direto contra as posições inimigas. Ele tinha pouca visão dos combatentes inimigos, que estavam ocultos sob as árvores, enterrados em trincheiras e obscurecidos pelas sombras.

“Eles não tomaram cobertura, apenas começaram a avançar, imediatamente, para onde pensavam que Roberts estivesse localizado, direto em frente do nariz do helicóptero,” disse Hagenbeck dos “comandos” americanos. “Eles se moveram em linha reta e receberam um fogo triturador, devolvendo-o também.”

As mais proeminentes características do topo da montanha eram uma árvore e um rocha grandes. De acordo com a revisão do Comando de Operações Especiais, Chapman viu dois combatentes inimigos numa posição fortificada sob a árvore. Ele e um SEAL próximo abriram fogo, matando ambos os combatentes.

Os americanos, imediatamente, começaram a receber fogo de outra posição de bunker, cerca de 6 m de distância. Uma rajada atingiu Chapman, ferindo-o mortalmente, diz a revisão. Os SEALs devolveram o fogo e arremessaram granadas contra o bunker inimigo, diretamente em frente deles.

Enquanto o tiroteio continuava, dois dos SEALs ficaram feridos pelo fogo e por granadas inimigos. Os SEALs decidiram desengajar. Eles alvejaram mais dois al-Qaedas enquanto se moviam para fora do pico da montanha, rumo ao nordeste, de acordo com a revisão oficial.

Enquanto se moviam descendo o lado da montanha, um SEAL contatou o AC-130, com codinome “Grim 32” e solicitou apoio de fogo. O canhoneiro respondeu com fogo de cobertura.

Enquanto a equipe SEAL combatia, o capitão Self e os outros 19 rangers na “força de reação rápida” decolavam de Bagram em dois “Chinooks” – de codinome “Razor 1” e “Razor 2” – e rumavam para Ginger, cerca de uma hora distante. Era um pouco antes de 5 da manhã.

”VOCÊ TEM ESSE DILEMA”.

Os Rangers deixaram Bagram com apenas informações sumárias sobre para onde eles se dirigiam e o que iriam fazer. Inicialmente, eles haviam sido informados, apenas, de que um helicóptero tinha sido atingido por fogo inimigo e forçado a pousar; mais tarde, eles souberam que alguém tinha caído. Uma unidade de infantaria levemente armada, os Rangers se especializam em evacuação por trás das linhas e missões de reforço. Eles atuam, freqüentemente, com SEALs e outras equipes de operações especiais.

Mais orientação específica chegou enquanto os Rangers voavam para a cena. Eles receberam ordens para se ligar com os SEALs em combate e exfiltrá-los, juntamente com o “comando” que havia caído. Além disso, muitos detalhes estavam faltando.

“Você tem esse dilema: mantenha os caras no chão, tempo o bastante para que eles saibam, exatamente, o que irão fazer, ou mandá-los para a frente, para que possamos afetar a situação mais rápido,” disse Self, 25 anos, um nativo do Texas e graduado de West Point, que estava no comando do pelotão há 17 meses. “Uma força de reação rápida nunca irá saber de tudo que está acontecendo. Se o fizesse, então não seria rápida.”

No quartel-general, os comandantes tentavam notificar os Rangers de que os SEALs tinham se retirado do topo da crista e para desviar os helicópteros para outra zona de desembarque, mais para baixo da montanha. Devido ao funcionamento, intermitente, das comunicações da aeronave, os Rangers e os tripulantes nunca receberam as instruções, de acordo com a revisão oficial. Problemas de comunicação também atormentavam as tentativas do quartel-general para determinar a verdadeira condição da equipe SEAL e sua exata localização.

“Como conseqüência, os Rangers foram à frente sob a falsa crença de que os SEALs ainda estavam localizados no topo do Takur Ghar e rumaram para a mesma localização onde ambos, “Razor 3” e “Razor 4” tinham recebido fogo inimigo,” diz a revisão.

Próximo a montanha, “Razor 2” assumiu um postura de apoio. Self voou à frente com seu elemento, nove homens jovens em blindagens corporais por cima dos trajes de camuflagem no deserto. No Afeganistão, desde dezembro, o pelotão – parte da Companhia Alfa, I Batalhão do 75º Regimento de Infantaria – tinha sido escalado numerosas vezes, mas ainda não tinha visto combate no país, ou em qualquer outro lugar.

“A força voou para o local onde eles sabiam que seu pessoal estava em apuros,” disse um oficial superior que monitorou a batalha. “Eles não sabiam onde o inimigo estava ou onde os americanos estavam. Eles foram empenhados, relativamente, às cegas.”

Enquanto se aproximavam o local de desembarque, os Rangers rapidamente descobriram o quanto às cegas estavam. Um rojão anti-tanque pôs fora de ação o motor da direita, e atiradores inimigos abriram fogos sobre o hlpc danificado.

O sargento Philip J. Svitak, um dos atiradores dianteiros, disparou uma única rajada de sua arma 7,62 mm da lateral do helicóptero antes de ser atingido e morto. O outro atirador dianteiro, um engenheiro de vôo, chamado David, foi atingido na perna direita.

“Isso, apenas, me irritou,” diz David, “e eu comecei a apertar o gatilho de minha minigun e iniciei um fogo de varredura para a esquerda. Eu não sabia de onde o fogo estava vindo, só sabia que estávamos recebendo fogo. Eu não ia deixar isso acontecer sem atirar de volta.”

O hlcp chocou-se com o chão. David desabou num canto e usou o atacador de sua pistola 9 mm para atar um torniquete em sua perna. Ele sabia que ela estava quebrada – toda vez que ele tentava se mover, a coisa se torcia toda.

As balas estavam zunindo através do vidro do vidro do cockpit. Um projétil destroçou uma das pernas do piloto, abaixo do joelho, outra arrancou seu capacete. O piloto, Chuck, abriu sua portinhola lateral de emergência e caiu na neve. Uma bala ou estilhaço arrancou um naco do pulso esquerdo do outro piloto, Greg. Outra bala entrou em sua coxa. Ele se arrastou para fora do cockpit na direção da traseira da aeronave, segurando seu pulso que esguichava sangue.

O fogo de metralhadora estava transformando o isolamento da aeronave em confete. Um RPG atravessou a janela direita dianteira, atingiu um controle de oxigênio de alta-altitude na parede e iniciou um incêndio.

“Nesse ponto, era o caos. Ninguém tinha noção do que ia acontecer,” disse Cory, o médico do hlcp. “Eu tomei três tiros no capacete. Isso me derrubou no piso,” ele relembra. “Eu estava de costas. De algum jeito, o impacto provocou uma pequena laceração em minha pálpebra. Mas isso estava sangrando um bocado. Eu estava de costas, e o sangue estava escorrendo pelo meu rosto, e eu levei um segundo para recuperar os sentidos e perceber que eu estava bem.”

Sean, o tripulante na lateral direita traseira, gritou para Cory, “Você tem de apagar esse fogo.” Mas o extintor dianteiro estava faltando. Brian, o outro tripulante da traseira, passou um extintou para a frente. Cory apagou o fogo, mas o resto do hlcp era puro inferno. O ar estava carregado com fumaça e balas, e o inimigo parecia estar por toda a parte.

Em 15 anos de serviço – incluindo combate no Panamá, em 1989 e no Golfo Pérsico, em 1991 – Cory nunca tinha visto uma luta tão intensa.

”EU VI AS TRAÇANTES”.

Esperava-se que os Rangers saíssem pela rampa traseira numa ordem que eles tinha praticado incontáveis vezes. Aqueles na esquerda se concentrariam no lado de fora, à esquerda do helicóptero. Aqueles na direita, se concentrariam à direita.

Mas, a situação tinha transformado numa louca correria para sair fora, da forma como fosse possível. Um ranger, especialista Marc A. Anderson, foi baleado e morto enquanto ainda estava no helicóptero. Dois outros, praça de 1ª Classe Matthews A. Commons e sargento Bradley S. Crose – foram abatidos na rampa.

Com 21 anos, Commons era o mais jovem do grupo, com uma reputação de soldado entusiasta e bem-humorado. Crose, 22 anos, um líder de uma das equipes de quatro homens do pelotão, era um profissional calmo. Anderson, 30 anos, era um ex-professor de matemática do segundo-grau que sempre espantava seus camaradas Rangers com seu conhecimento de armamentos. Agora, eles estavam mortos.

Os soldados sobreviventes tomaram diferentes direções, correndo em volta, com neve pelos joelhos, buscando cobertura por trás de qualquer rocha que pudessem encontrar e disparando sobre as posições inimigas.

O inimigo estava concentrado em dois pontos, 15 e 20 metros, visando de cima o helicóptero, a partir de posições enterradas e fortificadas no topo da linha de cristas. Dois ou três combatentes estavam atirando do lado esquerdo traseiro do “Chinook” – cerca da posição de “8 horas”. O sargento-ajudante Raymond M. DePoulli, o primeiro ranger a sair, começou a alvejá-los com sua carabina M-4.

“Eu vi o sujeito atirando em mim, eu vi as traçantes. Eu fui atingido em minha blindagem corporal,” disse DePoulli, um líder de GC. “Eu me voltei e esvaziei um carregador inteiro nele. Então assumi posição deitado... para ter certeza de que ninguém fosse vir por cima da colina.”

Outro grupo inimigo estava por trás de uma rocha e sob uma árvore à frente do helicóptero, para a direita, cerca da posição “2 horas”. Eles estavam disparando metralhadoras e RPGs sobre os americanos. Um mergulhou próximo ao lado direito do hlcp.

O especialista Aaron Totten-Lancaster, um corredor de longa distância, considerado o mais rápido do batalhão, recebeu estilhaços na barriga da perna direita. Estilhaços também abriram um ferimento na coxa direita de Self e um pequeno buraco no ombro esquerdo do sargento-ajudante da Força Aérea Kevin Vance, um controlador aerotático anexado à unidade Ranger.

Outro RPG voou por cima das cabeças dos rangers, raspando na cauda do helicóptero. Self podia ver o tronco do homem que o disparou, repentinamente, exposto acima de uma rocha. DePoulli, movendo em volta do outro lado do helicóptero, o viu, também, e o alvejou na cabeça.

Quase todos os rangers foram atingidos. Uma metralhadora pertencente ao especialista Anthony Miceli foi alvejada. Uma bala colidiu com o capacete do sargento-ajudante Joshua Walker, outro líder de esquadra.

Apenas o praça 1ª Classe David Gilliam, o mais recente membro do pelotão, conseguiu não ser atingido seja no corpo ou em seu equipamento. Ele tinha saltado do lado direito do hlcp, então esforçou-se para recolher cintas espalhadas de munição para sua metralhadora pesada M-240B.

Self achou que as balas voando perto soavam diferente do que ele tinha esperado. O cheiro, também, era alguma coisa que ele não tinha imaginado, uma mistura de cedro, das árvores pontilhando a linha de serras, combustível, pólvora, metal, suor, sangue e alguma coisa parecendo morangos. Isso tudo parecia tão estranho. “Você vê alguma coisa acontecendo e não parece real,” disse Self. “Nós compreendíamos que estávamos sendo alvejados, Mas isso parecia com um filme ruim.”

Desorientadores e assustadores como os primeiros intensos minutos foram, um sentido de ira e indignação, rapidamente tomaram conta.

“Quem esses caras pensam que são?” Walker gritou. Ele deu um lanço à frente, disparando sua M-4 e tomando posição por trás de uma rocha no lado direito do hlcp. Self e Vance juntaram-se a ele.

Totten-Lancaster começou a se mover rumo a eles. “Eu não sabia, realmente, que tinha sido atingido até me levantar para correr e não poder,” ele disse. Com sua perna direita incapacitada, Totten-Lancaster rolou vários metros até a rocha.

Um pouco atrás deste grupo e mais para a direita, DePouli e Gilliam, o metralhador, tomaram cobertura por trás de outra pedra. Ali eles encontraram o corpo crivado de balas de um combatente inimigo, com um RPG sem uso.

Miceli, o sétimo ranger sobrevivente, permaneceu no lado direito do hlcp, guardando aquele flanco.

Vários rangers tentaram arremessar granadas contra a posição inimiga, cerca 45 m de distância, mas a maior distância a qual puderam arremessar foi cerca de 30 m. Combatentes inimigos lançaram granadas de fragmentação contra os Rangers, apenas para que elas caíssem curto, com suas explosões abafadas pela neve.

Os Rangers alistaram dois dos membros da tripulação na luta. Don, o comandante da missão aérea, e Brian, um tripulante da parte traseira, foram solicitados a recolher mais munição do helicóptero, tanto como um lança-granadas M-203 que Commons estava portando quando foi atingido na rampa.

“Eu gosto de dizer que estávamos fora de nosso elemento, já que éramos aviadores e os Rangers´ eram pessoal de terra,” disse Don, um veterano de 26 anos. “Portanto, quando eles nos disseram, ‘precisamos que vocês façam isso’, eu estando no elemento deles, eu ia escutar o que eles diziam.”

Com os Rangers fornecendo fogo de cobertura, os dois tripulantes correram de ida e volta para o hlcp. Mas o ar rarefeito, rapidamente, os deixou exauridos.

“Eu descobri que era mais fácil rolar pela neve,” disse Don.

Mesmo com toda a surpresa e confusão dos minutos iniciais, os Rangers lutaram pelo manual. Reagindo ao ataque, eles buscaram cobertura e devolveram o fogo. Em seguida, seu treinamento lhes ensinava a tentar levar a luta até o inimigo, buscar por posições de flanqueio e considerar vias para o assalto.

Pela direita, o terreno descia, abruptamente, descartando um movimento por ali. Pela esquerda, era terreno elevado. Mover por ali os deixaria expostos ao fogo inimigo. “Foi quando tomamos a decisão de que a única forma de assaltar seria ir direto contra eles,” disse Self.

Gilliam foi mandado fornecer cobertura de fogo com sua metralhadora pesada. Brian foi designado como municiador (assistant gunner ou AG) para alimentar as cintas de munição na M-240B. “Eu não sabia sobre o que ele estava falando quando disse “AG”. “Então, ele explicou isso para mim, e eu disse, ‘Ok, posso fazer isso.’ “

Enquanto Gilliam abria fogo, Self, DePouli, Walker e Vance carregaram, armas disparando, granadas prontas. Meio caminho até a colina, cerca de 20 m do inimigo, Self divisou um combatente esticar a cabeça em volta de uma árvore.

“Tudo que eu pude ver era do peito para cima porque ele estava enterrado no terreno,” disse Self. “Ele atirou na gente e então desapareceu.”

Self, de repente, compreendeu que os combatentes inimigos estavam melhor preparados do que ele tinha pensado, escudados por uma cobertura de folhas, toros e ramos. Um assalto sobre uma tal posição fortificada iria exigir mais do que somente quatro soldados.

“Bunker! Bunker! Bunker!, ele gritou. “Para trás.”

Os Rangers retiraram-se para as rochas.

NÓS ÉRAMOS ESPECTADORES OBSERVANDO.

Observando as imagens do “Predator” do pouso do “Chinook”, os comandantes em Bagram ficaram atordoados pela ferocidade da emboscada.

“Era profundamente doloroso,” disse Hagenbeck. “Nós vimos o helicóptero sendo alvejado logo que começou a descer. Nós vimos os tiros sendo disparados. E era inacreditável que os Rangers fossem mesmo, capazes de sair e matar o inimigo sem sofrer perdas maiores.”

Embora Hagenbeck fosse o comandante militar superior dos Estados Unidos no Afeganistão com responsabilidade pela maior parte da Operação ANACONDA, ele não controlava a missão dos Rangers. Essa autoridade recaía sobre o brigadeiro-general da Força Aérea Gregory Trebon, que controlava uma unidade separada encarregada de operações especiais. O posto de comando de Trebon também estava em Bagram, mas colocado à parte de Hagenbeck. Um oficial de ligação que reportava a Trebon sentou próximo a Hagenbeck. Trebon declinou de ser entrevistado.

“Literalmente, nós éramos expectadores observando, disse Hagenbeck. “Nós não sabíamos que o grupo de resgate [SEAL] no terreno estava reportando. Eu ainda não sei, até hoje, o que eles reportaram ao comandante aqui e o que foi transmitido para os Rangers à bordo do helicóptero – se eles disseram que não havia outro meio para chegar lá, ou se eles disseram que nós podíamos suprimir o fogo inimigo, ou se eles disseram que iríamos perder alguns sujeitos mas era o único modo para fazer isso. Nós estávamos, apenas, olhando na tela sem qualquer áudio disso.”

Enquanto os Rangers estavam no tiroteio, um controlador de combate de Operações Especiais, sargento-ajudante Gabe Brown, estabeleceu um posto de comunicações cerca de 20 m por trás do helicóptero, descendo uma encosta e por trás de uma rocha. Ele estabeleceu ligação de rádio com os SEALs.

Foi assim que Self e sua equipe receberam as novas: os SEALs que eles tinham vindo resgatar nem mesmo estavam mais no topo da serra. Eles tinham se movido para alguma distância descendo a montanha antes que os Rangers tivessem chegado.

“Eles tinham dois feridos, e eu fui levado a acreditar que eles iriam ficar por lá” abaixo da montanha, disse Brown. “Eu acreditei que eles estavam entocados pelo restante do dia.”

Brown trabalhou furiosamente para fazer contato com caças americanos na área, frustrados pelas falhas de comunicações. Cerca de 20 minutos após o helicóptero se chocar ele conseguiu alcançar o quartel-general e pedir por apoio aéreo. Controladores lhe deram freqüências adicionais para falar com os jatos que iam chegar.

“Nós temos F-15s próximos,” gritou Brown.

A primeira questão para a força terrestre cercada era: bombas ou balas? Deveriam os jatos começar a liberar bombas ou começar com fogo de canhão de 20 mm? Os Rangers decidiram por balas, para minimizar a chance de serem, eles próprios, atingidos.

Após esvaziar seus canhões, em várias surtidas, aos F-15s se juntaram um par de F-16s, que tinham estado cerca de 280 Km além, sobre o centro do Afeganistão quando vieram até Ginger. Mergulhando sobre sobre o topo da serra, os F-16s dispararam 1 mil cartuchos.

Mas o bunker inimigo continuava a ameaçar os Rangers, portanto, o pedido foi por bombas. Com Brown trabalhando com o rádio, e Self e Vance gritando de volta os ajustes de alvo, baseados onde as bombas estavam atingindo, a equipe terrestre tentou encaminhar as bombas rumo ao bunker.

A primeira bomba, uma GB-12 de 500 libras (225 Kg), foi lançada sobre a colina por detrás do helicóptero. A próxima atingiu a crista da serra, em frente ao helicóptero. A terceira obteve um impacto direto sobre o bunker, dividindo ao meio a árvore.

Pilotando o F-16 líder, o tenente-coronel da Força Aérea Burt Bartley, comandante do 18º Esquadrão de Caças, estava intranqüilo sobre o quão próximo de suas próprias posições a tropa terrestre estava solicitando por ataques.

“Quando eu lancei uma dessas bombas, o controlador disse, ‘Uau, você quase pegou a gente com essa. Não pode chegar um pouco mais perto da árvore?’ Bartley disse. “E, na minha cabeça, e que falei para meu ala foi, ‘Não, não posso.’ Na minha cabeça, isso era o mais perto que eu ousaria ir, ou poderia matá-los.”

As regras militares permitem às tropas terrestres, sob condições excepcionais, autorizar ataques aéreos no interior dos limites padrões de segurança.

“Se isso é assim tão perto, eles, normalmente, pedem pelas iniciais de qualquer um que esteja encarregado no terreno,” disse Self. “Eu estava passando minhas iniciais pelo rádio porque estávamos pedindo por aquelas coisas até uns 50 m de nós.”

Os ataques aéreos suprimiram o fogo inimigo e liquidaram o crítico bunker. Mas, no meio da manhã, o topo da serra ainda estava em mãos inimigas.

Dentro do helicóptero, Cory, médico da tripulação, e dois pára-quedistas de salvamento da Força Aérea – aviador-senior Jason D. Cunningham e sargento-técnico Cary Miller – atendiam as baixas na baia de carga.

Os feridos incluíam três membros da tripulação: Chuck, o piloto, que tinha sido puxado para a parte de trás do helicóptero após ser baleado na perna e cair da cabine para a neve; Greg, o co-piloto, que tinha recebido um torniquete para parar o sangramento de seu pulso esquerdo; e David, o engenheiro de vôo, cuja perna tinha sido alvejada.

Cory manteve as baixas na aeronave para abrigá-las do fogo inimigo e do frio. Ele sabia que qualquer um que tivesse perdido uma significante quantidade de sangue era mais suscetível a hipotermia. Mas a baia de carga era, ela própria, uma zona de fogo. De sua vantagem em elevação, acima do nariz da aeronave, combatentes inimigos podia ver dentro da lateral direita da aeronave e atirar em qualquer um se movendo. “Portanto a única forma de se movimentar era rastejar de barriga,” disse Cory.

O tiroteio inimigo diminuiu após a bomba lançada pelo jato americano atingir o bunker, e Cory transferiu os feridos para uma área atrás do helicóptero. Todos os três tinham sofrido ferimentos com risco de vida, mas o sangramento tinha parado, e Cory considerou a condição deles estável. Mesmo assim, eles precisavam de mais cuidados extensivos, e Cory estava ansioso para tê-los evacuados.

“Nós sabíamos nesse ponto que, até que tomássemos a colina, não haveria modo de tirá-los de lá,” disse Don, o comandante da missão aérea.

Por isso, os Rangers teriam que esperar por mais ajuda, que estava à caminho.

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SEAL's no Afeganistão Empty Re: SEAL's no Afeganistão

Mensagem por Admin Seg Set 29, 2014 11:28 pm

SUBINDO PARA O RESGATE.

O sargento Eric W. Stebner sabia de alguma coisa sobre neve e frio, tendo crescido no Dakota do Norte. Ele também sabia alguma coisa sobre escalada de montanha, tendo treinado como um ranger do Exército e escalado rochedos nas Montanhas Shenandoah.

Mas nem Stebner, nem qualquer um dos nove rangers do Exército dos Estados Unidos, seguindo atrás dele na manhã de 4 de março, havia encontrado qualquer coisa como Takur Ghar, a montanha no leste do Afeganistão sobre a qual eles se achavam.

Eles faziam frente a ter de escalar uma íngreme e ameaçadora vertente, com mais de 36 Kg de carga militar, usando roupas e botas inapropriadas, e debaixo de esporádico fogo inimigo. Eles também corriam contra o tempo.

A outra metade de sua unidade estava encalhada no topo da serra, o helicóptero deles abatido logo após o nascer do sol. Eles tinham voado para resgatar uma equipe SEAL da Marinha, apenas para serem emboscados por combatentes inimigos. Quatro dos membros da força de reação rápida estavam mortos, três membros da tripulação estavam seriamente feridos e o resto do contingente estava aferrado.

A provação tinha começado por volta das 3 da manhã, quando os SEALs tinham caído debaixo de ataque enquanto seu helicóptero aterrisava na crista para uma missão de reconhecimento. Um, o suboficial 1ª classe da Marinha, Neil C. Roberts tombou do hlcp danificado enquanto este decolava. Os SEALs retornaram para resgatar Roberts e foram emboscados de novo, perdendo o controlador de combate da Força Aérea do seu grupo, sargento-técnico John Chapman.

Esse era o terceiro dia daquilo que os militares americanos chamaram Operação ANACONDA, uma ofensiva de três semanas contra membros da al-Qaeda e do Taliban no vale Shahikot. No curso de 17 horas, sete americanos perderam suas vidas, o mais elevado número de mortes em combate num único dia por uma só unidade desde que 18 rangers e soldados de Operações Especiais foram mortos em Mogadíscio, Somália, em 1993.

Enquanto seus camaradas começavam a escalada, os Rangers no topo da serra tinham feito uma tentativa de assaltar as posições inimigas sobre a linha de cristas, 45 a 70 m afastadas. Eles foram forçados a se retirar para trás das rochas próximo ao abatido MH-47E “Chinook”. Embora ataques aéreos tivessem silenciado algum fogo inimigo, os Rangers careciam de suficiente potencial humano e armamento para tentar de novo.

Eles estavam preocupados com um contra-ataque inimigo. Eles viam combatentes inimigos movimentando-se à distância na direção da retaguarda deles, e os observadores e aviões americanos divisavam outros sinais de esforços para reforçar o inimigo.

Bombas de morteiro caíam à volta do hlcp. A primeira pousou à frente do nariz, a seguinte desceu a colina na traseira, sugerindo que o inimigo estava tentando zerar neles. Os zunido das bombas provocavam calafrios entre os americanos, especialmente, os tripulantes do helicóptero, que não estavam acostumados ao combate terrestre.

Preocupados com a situação dos três tripulantes feridos, alguns da equipe do hlcp pressionavam o líder do pelotão Ranger, capitão Nathan Self, a montar um novo assalto para abrir caminho para a evacuação. Self lhe disse que precisava de reforços, primeiro.

“Eles não compreendiam a sincronização que isso exigiria,” Self disse. “Eles esperavam que as coisas acontecessem, rápido, rápido, rápido: ‘Aí, pessoal, vão lá e matem o inimigo’ “. Mas Self compartilhava do senso de urgência deles. Ele se preocupava que todos iriam estar em apuros, a não ser que o resto de sua unidade chegasse ao topo, logo.

Essa outra metade da força Ranger, designada “Chalk 2”, estava em um helicóptero sobre o vale Shahikot, quando Self levou sua equipe “Chalk 1” para a serra. Logo após, a comunicação com o hlcp transportando “Chalk 1” foi perdida e “Chalk 2” voou para Gardez, uma cidade ao noroeste do vale que era a área de concentração para a grande ofensiva americana. Enquanto o tempo passava sem nenhuma informação sobre o grupo líder Ranger, “Chalk 2” ficava mais ansioso.

“Em certo ponto, eu agarrei um chefe de tripulação pelo colarinho,” disse o sargento-ajudante Arin Canon, o ranger de maior graduação no “Chalk 2”. “Eu gritei com ele de que, independente do que tenha acontecido, o primeiro pássaro só tinha 10 caras nele. Isso é o pacote mínimo possível. Se alguma coisa acontecesse, eles iam precisar de nós. Nós completávamos o pacote.”

As notícias chegaram de que o hlcp carregando “Chalk 1” tinha caído. Dentro de uns 30 à 60 min – relatos variam – “Chalk 2” estava de volta ao ar e rumando para o topo da serra.

O primeiro desafio era encontrar um local para pousar. “Era o lado de uma montanha, portanto não tinha um bocado de lugares para aterrisar,” disse Ray, que pilotava o hlcp. “Você, basicamente, rastreava e espiava em volta.”

Cerca de 8:30 a.m. a tripulação encontrou um espaço, apenas grande o bastante para botar todas as rodas no terreno. A tripulação tinha informado os Rangers de que “Chalk 1” estaria, diretamente, à frente deles, cerca de 230 a 270 m de distância. Após desembarcarem, os Rangers descobriram que “Chalk 1” estava, na verdade, cerca de 600 m, montanha acima, numa altitude de 3100 m. O plano havia mudado, mas ninguém informou aos Rangers.

NÓS TEMOS DE CONTINUAR O MOVIMENTO.

Os Rangers de “Chalk 2” observaram a paisagem. Erguendo-se, acima deles estava uma vertente rochosa, com ângulos tão íngremes quanto 70 graus em alguns lugares e coberta de neve com quase um metro de profundidade. Eles também podiam ver, para a direita e cerca de 300 m acima, outro punhado de americanos – membros da unidade SEAL que os Rangers tinham sido enviados para resgatar.

Os SEALs estavam abrindo caminho para baixo da montanha com dois feridos. Dois outros membros da equipe original – Roberts e Chapman – tinham sido mortos no topo.

Um SEAL que havia voado com “Chalk 2” para se ligar à unidade da Marinha perguntou se os Rangers podiam avançar para ajudar os SEALs antes de iniciarem sua escalada. Canon avançou o pedido para Self, encima do topo da serra.

“Eu tenho baixas aqui, e preciso de vocês, agora, mais do que eles,” Self irradiou. O SEAL rumou através da montanha, sozinho, para se juntar aos membros da sua equipe. Os Rangers de “Chalk 2” começaram a subida.

“Era um tipo de carrossel,” disse o socorrista da “Chalk 2”, que pediu para não ser identificado. “Nós estávamos tentando subir e os SEALs descer.”

Sem nenhuma trilha para seguir, os Rangers abriram um caminho para si mesmos. Uma rota, à direita, parecia promissora, mas os levaria próximo a um bunker inimigo no topo. Eles escolheram um caminho à esquerda que parecia fornecer alguma cobertura contra os combatentes inimigos, levando-os em volta da retaguarda da posição de “Chalk 1”.

Canon, que era qualificado em guerra de montanha do Exército, pensou que se esta tivesse sido uma rota planejada de ataque, batedores teriam facilitado o caminho com linhas de cordas. Os Rangers brigaram por tração nas rochas soltas.

“Somente o grau da crista resultava numa caminhada insuportável, não contando a altitude,” disse Canon. “Era o bastante para dar uma sensação de peso no peito do meu pessoal e fazer minhas juntas incharem.”

Os Rangers, algumas vezes, ficavam de quatro – “tipo um urso rastejando”, nas palavras do socorrista. Ataques de morteiros inimigos pontuavam a escalada, embora fossem esporádicos e pobremente mirados.

“Todo mundo queria parar e olhar de onde eles estavam vindo,” disse Stebner, um dos dois líderes de esquadra do GC. “Eu dizia, ‘Vocês não podem parar. Não vai nos fazer nenhum bem, parar. Nós temos de continuar o movimento.’ “

O peso da carga deles tornava as coisas piores. Somente a blindagem corporal pesava 10 kg, o conjunto. A maioria dos soldados portava uma carabina de assalto M-4, sete a doze carregadores de munição, duas a quatro granadas-de-mão, uma pistola, facas, lanternas, rádios, dispositivos de visão noturna, um conjunto de primeiros socorros e cerca de 3 litros de água. Seus capacetes somavam mais outros 1,5 kg à 2 kg.

“Tinha alguns lugares onde eu precisava arremessar minha arma à frente, então escalar e pegá-la de volta,” disse o especialista Jonas O. Polson, que portava uma das duas metralhadoras leves M249 do GC, com 7,5 kg, chamadas SAW para Arma Automática de Esquadra.

O especialista Randy J. Pazder, o atirador de metralhadora pesada, provavelmente tinha a maior de todas as cargas, com uma metralhadora M240B com 12,5 kg e mais uns 13,5 kg de munição. Seu municiador, especialista Omar J. Vela, carregava um cano sobressalente e outros 13,5 kg de munição.

“Vocês precisam atingir o topo da montanha, onde vamos assumir posição estática e poder descansar,” Canon lhes disse. “Nós temos de ir, nosso pessoal precisa da gente.”

Quando eles foram concentrados para a missão, a maioria dos Rangers estava sob a impressão de serem mandados para uma rápida missão de resgate, vai-e-vem. “Originalmente, quando me acordaram, eu entendia que um helicóptero tinha sido forçado a pousar e iríamos recolher a tripulação – basicamente uma coisa do tipo ‘vou de táxi’ “, disse o socorrista.

Antecipando uma boa dose de ficar sentados em helicópteros frios ou em posições estacionárias no terreno, muitos colocaram suas roupas de baixo térmicas e volumosos parkas que, agora, estavam atrapalhando a movimentação deles, levando-os a suar profusamente. Outros estavam com coturnos suede de deserto ao invés de calçados para baixas temperaturas. Os coturnos de deserto absorviam água como esponjas.

A meio-caminho acima, enquanto os Rangers tremiam à volta de um rochedo e se erguiam por sobre uma árvore que se projetava da face da montanha, Canon percebeu que alguma coisa tinha de ficar. “Eu dei uma olhada em volta e todo mundo tinha aquela cara de, você sabe, ‘Meu, isso tá foda’ – uma expressão geral,” disse o sargento-ajudante.

Os Rangers começaram a se desvencilhar de suas roupas pesadas, e Canon solicitou a permissão de Self para eles descartarem as placas dorsais de suas blindagens corporais. Livrar-se das placas de 525 dólares cada, era uma ação arriscada. A veste básica de kevlar utilizada pelos soldados, protegia contra balas 9 mm; placas cerâmicas, dispostas na frente e atrás, ofereciam uma camada adicional para deter balas 7,62 mm – do tipo disparado pelos fuzis de assalto AK-47 utilizados pela al-Qaeda.

Remover a placa dorsal iria poupar somente 2,7 kg, mas permitiria maior mobilidade e conforto. A maioria escolheu por descartá-las. Mas, para evitar deixá-las para o inimigo, os soldados destruíram as placas, arremessando-as nas rochas abaixo.

“Foram os Fresbees (disquinhos de praia) mais caros que alguém já arremessou”, Canon disse aos homens.

Enquanto continuavam a escalada, muitos dos Rangers pensavam em seus camaradas na serra. Eles sabiam que tinha havido baixas, embora não soubessem quem ou quantos tinham sido mortos ou feridos.

Muitos presumiram que, pelos menos uma das baixas devia ter sido o especialista Anthony R. Miceli, um metralhador de SAW, considerado como o mais suscetível a acidentes no grupo. Tão legendária era a tendência de Miceli em machucar-se que o pelotão tinha um ditado sobre ele: “Ninguém poderá matar Miceli, exceto Miceli.”

Saindo da subida final, a primeira coisa que Canon vislumbrou foram as baixas espalhadas no terreno, próximo a rampa traseira do helicóptero. A sorte de Miceli tinha se mantido. Sua SAW tinha sido atingida, mas ele recolheu outra e ainda estava na luta. Mesmo assim, Canon estava chocado por ver tantos mortos ou feridos.

Uma escalada que Canon tinha estimado levar cerca de 45 minutos, durou mais do que duas horas. “Chalk 2” tinha se juntado à “Chalk 1”, mas os Rangers iriam ter pouco tempo para descansar.

”TODO MUNDO, APENAS, FOI EM FRENTE”

Os Rangers se movimentaram rápido para organizar um assalto sobre o topo da serra. O objetivo principal seria o único bunker inimigo que eles podiam ver – à direita do nariz do helicóptero e cerca de 45 m afastado. Um ataque aéreo parecia ter silenciado o bunker, mas os Rangers não tinham certeza se os combatentes inimigos ainda estavam nele – ou além.

A peça de metralhadora pesada de “Chalk 2” – Pazder e Vela – moveu-se para uma rocha ao lado do helicóptero, juntando-se ao metralhador da "Chalk 1", praça 1ª classe David B. Gilliam. Canon acocorou-se entre as duas peças.

“Sargento, não sei se posso chegar lá,” disse Gilliam em seu forte sotaque do Tennessee, “Quase tomei uns tiros de lá, algum tempo atrás.”

“Bem, eu não estou planejando ser baleado hoje, Gilliam, portanto apenas sustente o fogo,” Canon respondeu.”

A equipe de assalto, composta, na maioria por membros de “Chalk 2”, entrou em posição atrás de outra rocha, um pouco à frente e à esquerda das peças.

Os metralhadores deram início ao apoio de fogo. Stebner, o sargento Patrick George e o sargento Joshua J. Walker, lançaram-se à frente juntamente com o especialista Jonas O. Polson, especialista Oscar Escano e o sargento-ajudante Harper Wilmoth. Os Rangers moveram-se no que eles chamam posição de “assalto alta” – armas ao ombro, olhos focados diretamente sobre as miras das armas. Eles arremessavam granadas enquanto avançavam.

Os Rangers treinam para utilizar duas esquadras de quatro homens para um assalto, com as esquadras focando nas manobras enquanto outros elementos fornecem apoio de fogo. Neste caso, os Rangers tinham, apenas, uma esquadra e meia.

“Quando o fogo de apoio começou, todo mundo, apenas, foi em frente,” disse Wilmoth. “A neve era tão funda, e o terreno sob ela tão rochoso, que nossos pés não se apoiavam com firmeza. Nós tivemos, em boa medida, de conduzir o ataque pelo fogo.”

Os Rangers estavam despejando tanto fogo que alguns dos tripulantes do helicóptero se preocuparam que eles estivessem exagerando. A tripulação gritava para os rangers, “diminuam, eles vão ficar sem munição,” Self disse.

O grupo de assalto atingiu uma pedra, cerca de 36 m, montanha acima, próximo ao bunker inimigo que estava um pouco à direita. Stebner, aproximando-se, primeiro, da pedra, tropeçou num corpo que jazia, de rosto para baixo, na neve. Era um americano morto – ele não pôde dizer quem e não tinha tempo para parar.

Da pedra, Wilmoth, George e Escano rumaram para o bunker, encontrando dois combatentes inimigos mortos. Imprensado entre os combatentes – em meio aos destroços deixados pelo ataque aéreo anterior – estava o corpo de outro americano. Stebner e Polson foram pela esquerda, então fizeram um círculo pela direita, irrompendo em outras posições inimigas sobre a crista.

O fim, quando chegou, foi, estranhamente, anticlimático. Os Rangers efetuaram toda a fuzilaria durante os 15 minutos de assalto. No topo, eles acharam um emaranhado de posições inimigas cavadas próximo a árvores ou detrás de rochas e conectadas por trincheiras rasas. Uma tenda de lona abrigava uma posição.

A área estava juncada com lança-granadas 30 mm chineses, feixes de rojões antitanque RPG, um canhão sem-recuo 75 mm, uma metralhadora pesada DShK de fabricação russa, longas cintas de munição de metralhadora e armas leves diversas.

Os Rangers disseram que não estavam certos sobre quantos inimigos eles mataram. Self credita seus homens com as mortes de, pelo menos dois, durante o assalto, e havia outros corpos de combatentes inimigos espalhados em volta do topo da serra. Mas os Rangers dizem que era difícil determinar quantos haviam morrido dos ataques aéreos ou nos tiroteios com os SEALs, cedo do dia. Uma equipe militar americana que visitou o local, dias depois, contou oito corpos inimigos.

Após os tiros pararem, Canon tratou de identificar os dois mortos americanos. Próximo à rocha, jazia Roberts, o SEAL que havia despencado do helicóptero, oito horas antes. Parte do seu equipamento militar foi, depois, recuperado em outras partes da área, e um combatente inimigo morto foi encontrado vestindo a jaqueta de Roberts. No bunker, Canon identificou Chapman.

Era por volta das 11 a.m., “Chalk 1” tinha estado na crista por quase cinco horas.

Sentindo-se mais seguros e um pouco mais relaxados, os Rangers mudaram seus postos de comando e comunicações para o topo da serra. Eles fizeram planos para mover os mortos e feridos de detrás do hlcp para o outro lado da crista, onde parecia ser um zona de pouso adequada para evacuação.

Canon, o praça graduado mais antigo na montanha, sentou ao lado de Self, que lhe disse os nomes dos Rangers que haviam sido mortos. “Isso me atingiu bem forte, e eu lembro de ter tomado um segundo de pausa,” disse Canon.

Self não podia permitir ter Canon – ou qualquer dos outros homens – perdidos em lamentações, não com tudo que ainda precisava ser feito para tirar a todos da montanha.

“Ele disse, ‘Arin’, não tem nada que a gente possa fazer agora,’ “, Canon, relata. “Ele me relembrou para pôr a cabeça de volta na partida – ‘Vamos tirar o resto desses caras daqui, vivos, e vamos lidar com o que temos de lidar quando estivermos de volta.’ “.

Embaixo, atrás do hlcp, Greg, um dos dois pilotos feridos, estava começando a piorar. “Eu não diria que ele estava perto de morrer. Mas ele teve uma alteração definida no seu nível de consciência,” disse Cory, o socorrista do hlcp. “Ele começou a falar comigo como se ele estivesse para morrer.”

”SÓ TENHO DOIS CARREGADORES SOBRANDO.”

Pelo rádio, o quartel-general estava perguntando se a o topo da crista estava “frio”, quer dizer, não mais vulnerável a ataque inimigo.

“O controlador perguntou-me se a zona de coleta [“pick-up zone ou PZ] estava fria e quantos caras iríamos perder se tivéssemos de esperar para sermos exfiltrados,” disse, numa declaração sob juramento à autoridades da Força Aérea, três semanas depois, o sargento-ajudante da Força Aérea Kevin Vance, um controlador aerotático anexado à unidade Ranger. “Eu perguntei ao socorrista, ‘se ficarmos por aqui, quantos caras poderão morrer?’ O socorrista disse que, ao menos, dois, talvez três. Eu reportei ao controlador, ‘A PZ está fria, e vamos perder três se esperarmos.’ “.

Mas, justamente quando ele dizia isto, três ou quatro combatentes inimigos em um pequeno monte ao sul, 270 a 360 m atrás do hlcp, abriram fogo.

Fogo de metralhadora e rojões RPG começaram a atingir a área de coleta de baixas. Balas, também, ricochetearam em volta dos pés dos rangers e membros da tripulação carregando a primeira das baixas, morro acima – David, o engenheiro de vôo, que havia sido alvejado na perna.

O grupo largou a liteira e correu atrás de cobertura, deixando David, de costas no lado do morro. Stebner, um dos padioleiros, por duas vezes precipitou-se para tentar arrastar David para trás de algumas rochas, apenas para abandoná-lo novamente. “Eu fiquei lá por uns bons 15, 20 minutos, só olhando aquele negócio passando por cima de nós,” disse David.

Da terceira vez, Stebner alcançou David e o puxou para longe do perigo.

Embaixo, por trás do hlcp, Cory e um pára-quedista de resgate, aviador-senior Jason Cunningham, tinham acabado de aplicar uma intravenosa em Greg quando caíram sob fogo. A posição deles os deixava expostos.

“Percebemos que teríamos de sentar lá e trocar tiros com eles,” disse Cory. “Nem Jason e nem eu iríamos embora.”

Um RPG veio direto contra eles e, zunindo sobre suas cabeças, explodiu acima do helicóptero. Uma bala atingiu cerca de 1 m na frente de Cory, espargindo neve sobre ele.

“Estávamos atirando de um lado para outro,” disse Cory. “E eu posso me lembrar de deitar, pensando, ‘Só tenho dois carregadores sobrando – alguma coisa tem de acontecer e bem rápido.”

Foi quando ele e Cunningham foram atingidos.

“Eu tinha virado de barriga e rastejei subindo um monte de cerca de 1,5 m , achando que isso podia resultar em algo,” disse Cory. “Eu me virei para atirar e foi um pouco depois disso que Jason e eu fomos baleados ao mesmo tempo. Estávamos sentados há não mais de 2 m um do outro.”

Duas balas acertaram Cory no abdômen, mas o impacto foi amortecido por suas cartucheiras e a fivela do cinto.

“Eu levei um instante para conseguir coragem e me auto-examinar,” ele disse. “Como socorrista, você compreende que um ferimento penetrante no abdômen pode ser, absolutamente, a pior coisa. Portanto, eu coloquei minha mão e tentei ver quanto sangue estava lá. Eu tirei a mão e ela estava molhada de água. Esse era um sinal muito reconfortante.” A água era do cantil perfurado.

Cunningham estava numa situação pior: ele foi atingido na área pélvica e sangrava em profusão. Embora ainda lúcido, ele estava em considerável agonia.

Entusiasta e de boa índole, Cunningham, 26 anos, era popular com seus colegas pára-quedistas de resgate, conhecidos como “PJs”, [de parajumpers]. Ele era um PJ há oito meses. Era sua primeira vez em combate.

Rangers, abaixo da colina, dispararam do helicóptero contra as posições inimigas com uma metralhadora pesada, uma metralhadora leve SAW, uma lança-granadas e várias carabinas de assalto M4. Eles observaram alguns dos combatentes inimigos manobrando em volta da parte de trás do topo da colina, atirando contra os Ranger de duas direções.

“Nós mal podíamos ver o topo de suas cabeças,” disse o sargento-ajudante Raymond M. DePoulli, um membro da “Chalk 1”.

Pazder, divisando um combatente inimigo surgir na esquerda, desfechou uma rajada de sua metralhadora pesada M240B, matando-o.

Para o leste, cerca de 640 a 730 m de distância, os Rangers perceberam quatro ou cinco outros combatentes inimigos caminhando. Canon achou que podia alcançá-los com a metralhadora pesada, mas ele precisava de mais munição. Ele enviou Vela, o municiador, de volta ao helicóptero, cerca de 137 a 182 m distante.

Enquanto Vela corria de volta, mais fogo inimigo irrompeu e Vela jogou-se em busca de cobertura por trás de uma rocha com Stebner. “Talvez você não queira ficar comigo pois, por alguma razão, o inimigo não gosta de mim,” disse Stebner, que tinha estado se esquivando de balas, tentando puxar Dave para a segurança.

“Do que você está falando?” disse Vela.

Justo então, um rojão RPG voou sobre suas cabeças.

“É disso que estou falando,” disse Stebner. “Toda vez que eu me levanto e começo a me mover, eles atiram em mim. E agora que estou deitado aqui, eles estão atirando na gente.”

Vela rastejou para outra rocha que aflorava do terreno, juntando-se a DePoulli. Ele enrolou a munição de metralhadora numa sacola normalmente usada para guardar o cano sobressalente da peça e a arremessou para Canon, alcançando só metade do caminho.

Canon deslocou-se de quatro e arrastou a sacola para o ponto por trás de vários pedregulhos onde ele e Pazder estavam posicionados. Pazder passou a peça de metralhadora pesada para Canon, que possuía uma ângulo melhor sobre o inimigo abaixo.

“Nós despejamos fogo de metralhadora sobre cada árvore ou arbusto onde eles pudessem estar se escondendo,” disse Canon. “Eu não lembro de voltar a vê-los de novo.”

Os combatentes inimigos no pequeno monte continuavam atirando contra os Rangers por mais de 20 minutos. Então, caças F-14 da Marinha chegaram e lançaram cerca de meia-dúzia de bombas de 500 libras (227 Kg) sobre ou em volta da posição inimiga, silenciando-a.

“Com a explosão de cerca de 1300 Kg, estilhaços podiam ser ouvidos voando pelos ares,” disse o sargento-ajudante da Força Aérea Gabe Brown, um controlador de combate de operações especiais com a “Chalk 1”, que estava irradiando direções para os jatos. “Nós podíamos ver as bombas descer para a colina abaixo de nós, e ouvimos o material subir, passando por nós, zunindo pelo ar.”

A força da explosão de uma bomba, empurrou para trás o capacete na cabeça de DePoulli. Ele chamou Self no rádio. “Podemos baixar um pouco a cabeça aqui da próxima vez que fizerem uma corrida de bombas como essa?”

Self replicou, “Tá certo, sem problema.”

Com a posição inimiga no pequeno monte ao sul eliminada e o norte do topo da crista assegurada, os Rangers retomaram o transporte das baixas – cinco feridos e seis mortos – para o outro lado da crista da serra. O movimento, 73 a 91 m subindo uma inclinação de rochas cobertas de neve, exigiu entre quatro e seis homens para transportar uma baixa.

Novamente, voltando-se para a questão da evacuação, os Rangers sentiam uma, ainda maior, urgência, por causa das duas baixas recentes. O socorrista Ranger classificou a ambas na categoria mais grave, “urgência cirúrgica”. Ele não tinha total certeza do quanto eram sérios os ferimentos de Cory, mas, definitivamente, estava preocupado sobre Cunningham.

O socorrista deteve o sangramento externo de Cunningham, mas tinha pouca idéia do que estava acontecendo por dentro. Apenas uns dias antes, Cunningham tinha feito campanha com os comandantes para permitir aos PJs carregarem bolsas de sangue nas missões e havia conseguido permissão para o fazer. Agora, ele recebia uma das bolsas que tinha trazido consigo para Takur Ghar.

“EU TENTEI MANTER O TOM.”

Por mais preocupante que fosse a condição de Cunningham, os comandantes estavam receosos de tentarem outro resgate à luz do dia, sabendo que isso foi parte daquilo que os colocou em apuros, em primeiro lugar naquela manhã.

Também, ocupando a atenção dos comandantes estava o resto da batalha, com cerca de 1200 a 1400 soldados das divisões, 10ª de Montanha e 101ª Aeroterrestre, espalhados por todo o vale e ondas de caças, bombardeiros, helicópteros e outras aeronaves nos céus acima.

Bem cedo do dia, fontes de inteligência militar haviam relatado tanto quanto 70 combatentes inimigos convergindo sobre o topo da serra. O sargento-técnico da Força Aérea Jim Hotaling, um controlador aéreo de combate, que possuía uma visão dominante das posições inimigas no topo do Takur Ghar, a partir de uma crista cerca de 3 Km para o sul, nunca viu qualquer coisa aproximando-se de um reforço de 70 inimigos. Mas ele viu pequenos grupos e vários combatentes cada, manobrando para subir a montanha durante o dia.

“A maioria do inimigo que eu estava engajando estava há uns bons 1500 a 2000 m afastada da posição deles, em baixo, na base da montanha e nos leitos dos riachos,” disse Hotaling:

Pelo menos, alguns dos Rangers acreditavam que uma evacuação diurna podia ser levada à cabo e era digna do risco.

“Se nós tivéssemos CAS (Close Air Suport, ou apoio aéreo cerrado) em posição, lançando bombas, poderíamos ter saído de lá, a qualquer momento,” disse Vance em sua declaração. “Só em ter os aviões próximos mantinha o inimigo afastado.”

Vance acrescentou: “Eu continuei perguntando ao controlador se nós já tínhamos perdido outra zona de coleta (pick-up zone ou PZ) quando éramos exfiltrados? O controlador disse para agüentar. Após perguntar a ele três vezes, o PL (Platoon Leader) expressou urgência em tirar a equipe de lá. Eu continuei a falar para o controlador mas ele, apenas, continuava a dizer-me para agüentar. Após a terceira vez, eu entreguei o fone para o PL e pedi a ele que dissesse a mesma coisa para o controlador.

“Eu tentei manter o tom da voz. Houve momentos em que tentei dizer algumas palavras ali para fazer o controlador entender que nós tínhamos de sair. Isso se tornou uma conversa pessoal, e nós continuamos dizendo que tínhamos de sar dali,” disse Vance.

Em certo momento, o socorrista Ranger pegou o rádio e tentou mostrar para o quartel-general a gravidade dos ferimentos. “Eu sentia, no entanto, que se começasse a fazer um escândalo sobre a condição deles, então iria preocupar meus pacientes,” disse o socorrista. “Você quer ser franco, e eu era, mas eu não ia ter um faniquito escandaloso, gritando, desvairadamente, que aquele cara iria morrer se não o levássemos para fora daquela montanha.”

Eu disse, ‘Escuta aqui, a estória é a seguinte: eu tenho dois pacientes para cirurgia urgente, e nós precisamos ser evacuados.’ E a resposta deles, era, ‘Roger, nós entendemos.’ “

O socorrista, repetidas vezes, assegurou a Cunningham e os outros que a ajuda estava a caminho. Mas os tripulantes, especialmente os pilotos, conheciam a preferência de seus comandantes por evacuações noturnas.

“Eu continuava voltando até eles dizendo, ‘Aí, pessoal, escuta só, eles estão vindo pra pegar a gente, nós vamos sair daqui, logo, agüenta as pontas aí,’ “ dizia o socorrista. “E os pilotos do helicóptero eram bem diretos sobre isso, e diziam, ‘Nós sabemos que não vamos sair até ficar escuro, porque é assim que as coisas são.’

“Eu sabia, no fundo, de que as chances deles virem durante as horas da luz do dia eram escassas, quase nenhuma, mas eu estava tentando ser positivo sobre isso,” disse o socorrista.

A reação de Cunningham? “Na maior parte, ele somente escutava.”

SALMO 121.

Enquanto o sol descia, por volta das 5 p.m., o vento golpeava e o topo da serra tornou-se frígido.

“Você não conseguia oxigênio bastante,” disse Wilmoth. “A garganta de todo mundo estava sangrando, tossindo algum sangue. Todo mundo tinha as gargantas muito inflamadas e desidratação.”

Os soldados revistaram o hlcp em busca de objetos – sacos da tripulação, conjuntos de equipamento, qualquer coisa que pudesse fornecer calor ou algo para comer.

“Provavelmente, a gente achou comida o bastante para todo mundo dar uma mordida e botar alguma coisa no estômago – ainda que fosse um pacote de biscoito ou uma barrinha de cereal, ou repartir metade de uma refeição fria das rações militares,” disse Canon.

Don, o comandante de missão aérea, arrancou o material de isolamento acústico da aeronave para servir de cobertor para as baixas. Alguns dos homens construíram um abrigo com madeira de uma árvore bombardeada para proteger os feridos do vento.

“Calças, camisas, jaquetas, cobertores, sacos de dormir – qualquer coisa que pudéssemos achar que fosse capaz de reter calor foi dado às baixas,” disse o socorrista. “Alguns tinham mais de 30 cm de coisas em cima deles para deixá-los quentes.”

Sentado no topo da crista, admirando a vista estonteante, Stebner contou a Wilmoth sobre como era estranho era estar em um lugar tão belo em meio a tão terríveis condições.

Na noite anterior à missão, alguns dos rangers, participando de u m grupo de estudos bíblicos na base aérea de Bagram, tinham lido uma passagem sobre montanhas e salvação. Era o Salmo 121, que começava, “Elevo os meus olhos para os montes; de onde me vem o socorro?”

O salmo tinha um signficado particular para Self, que pensou sobre ele durante os primeiros momentos do tiroteio desta manhã, enquanto corria do helicóptero. A passagem tinha ficado com ele desde um dia, numa marcha de estrada quando cadete em West Point, quando passou por um capelão, de pé numa colina, recitando o salmo.

Mas, enquanto ele e seus homens aguardaram para serem evacuados, Self não os queria excessivamente contemplativos, e especialmente, melancólicos. Não ainda.

“Há certos momentos, aqui e ali, onde os caras começavam a refletir sobre o que tinha acabado de acontecer, e as mentes deles começavam a afetá-los um pouco,” recordou Self. Nesses instantes, ele iria dizer-lhes, “Aí, vocês tem amanhã e o resto de suas vidas para isso.”

Logo após o escurecer – às 6:10 p.m., hora local, de acordo com os registros de Self – Cunningham faleceu.

“Eu posso lhe afirmar que fizemos tudo o que podíamos lá,” disse o socorrista. “Ele tinha agüentado durante horas, e, simplesmente, era o momento dele.”

Duas horas mais tarde, às 8:15 p.m., três helicópteros de evacuação começaram a tirar todo mundo do topo da serra. Um quarto recolheu a equipe SEAL no lado da montanha.

O primeiro helicóptero desembarcou com sua rampa traseira no lado oposto de onde os soldados tinham planejado para ele ir. Os Rangers, mais uma vez, tiveram de carregar as baixas pelo terreno gelado e rochoso, desta vez por uns 12 a 15 m, o comprimento do helicóptero.

“Foi por mais de uma vez que nós tivemos de parar e nos arrumar, ou um sujeito escorregava no gelo,” disse o socorrista. “Nós nunca deixamos cair uma baixa. Mas eu sei que era desconfortável para elas, mesmo com toda o analgésico que lhes dávamos. Eu sei que estava doendo. Elas vocalizavam isso muito bem.”

Dentro de uma hora, toda a tropa, seus feridos e mortos, estava à bordo e se foi.

”NÃO HÁ UMA RESPOSTA CERTA”

Como foi dito, sete americanos morreram sobre o Takur Ghar neste dia, e quatro foram, seriamente, feridos. Em honra do primeiro a perecer lá, muitos dentro das forças de operações especiais, agora se referem ao local como Serra Roberts.

Sobre o número de mortos da al-Qaeda, os oficiais não tem uma contagem exata. Os Rangers acreditam que balearam, ao menos, 10 combatentes inimigos durante o curso do dia. Outros cálculos, baseados em relatos do tiroteio envolvendo a equipe de resgate SEAL e ataques aéreos americanos, elevam o total de inimigos mortos até 40 ou 50.

“Realmente, não era nossa preocupação ter uma boa contagem de corpos inimigos quando saímos,” disse Self. “Se eles estavam mortos, estavam mortos.”

A Operação ANACONDA terminou, inconclusivamente, 19 dias mais tarde. Os militares desorganizaram a al-Qaeda no vale Shahikot, mas um número desconhecido de combatentes inimigos escapuliu para se reagrupar além da fronteira, no Paquistão.

No fim, os Rangers cumpriram sua missão. Eles recuperaram os corpos de todos os militares dos Estados Unidos no topo da serra, não deixando nenhum para trás.

Don, o comandante da missão aérea no helicóptero abatido, disse que foi informado, mais tarde, por um membro da equipe de resgate SEAL, de que se os Rangers não tivessem chegado no momento em que o fizeram, os SEALs não teriam durado muito mais. Embora os SEALs já tivessem começado a descer a montanha então, eles ainda estavam sob ataque.

“O fogo estava focalizado neles, e quando chegamos, ele foi desviado,” disse Don.

Os eventos de 4 de março, sublinharam o empenho dos militares dos Estados Unidos em fazerem tudo que for necessário para impedir quaisquer soldados americanos – vivos ou mortos – de serem abandonados no campo de batalha. Mas o episódio também tem provocado debate entre, pelo menos, alguns oficiais das forças armadas, famliares com os detalhes sobre a necessidade de estabelecer princípios mínimos para despachar equipes de resgate – princípios que deveriam equilibrar a necessidade para resposta urgente contra os riscos de partirem com informações incompletas.

Liberando um relatório oficial, ontem, sobre a batalha no Takur Ghar, o general do Exército Tommy Franks, chefe do Comando Central responsável pelas operações militares americanas no Afeganistão, insistiu na bravura e tenacidade das tropas americanas envolvidas. Quanto aos lapsos de inteligência, interrupções nas comunicações e julgamentos questionáveis de comando, ele sugeriu que tudo era, simplesmente, parte da “neblina” e “incerteza” que são “comuns em cada guerra”.

Outros oficiais disseram que a batalha tem levado a aperfeiçoamentos nas comunicações e outras mudanças nas operações militares americanas no Afeganistão, que não podem ser discutidas em público. Esforços também tem sido feitos ao nível de campo para avançar a coordenação entre forças convencionais e de operações especiais.

“Não há razão alguma para acreditar, a partir da história, de que deveríamos estar fazendo as coisas de qualquer modo diferente do que estávamos fazendo até o incidente,” disse o major-general do Exército Franklin L. “Buster” Hagenbeck, que comandou a Operação ANACONDA de seu quartel-general na base aérea de Bagram. “Mas nós apenas decidimos que iremos sempre saber o que o outro está fazendo a qualquer momento.”

Se os Rangers que lutaram na montanha encontraram falhas no modo como a missão foi montada, eles estão guardando para si quaisquer críticas. Eles dizem que sabiam, quando se alistaram, que o dever nas forças de reação rápida seria arriscado.

“Ao nosso nível, todo mundo fez seu trabalho soberbamente bem,” disse DePoulli. “Nós fizemos tudo que podíamos fazer. Estávamos numa situação miserável, e saímos por cima.”

Os Rangers, as tripulações de helicópteros do Exército e os membros da Força Aérea que estavam com eles, citam numerosas ações que eles acreditam terem mantido mais baixo o cômputo de perdas do que poderia ter sido.

Refletindo, por exemplo, sobre sua decisão de interromper a primeira tentativa de assalto dos Rangers sobre o bunker ao norte, Self observou que a equipe de assalto incluía os mais graduados rangers na serra naquela ocasião. Se eles tivessem morrido, diz Self, os outros teriam tido poucas chances de sobrevivência.

“Nós podíamos ter tentado de novo, e ter um par de sujeitos conseguindo Medalhas de Honra póstumas,” conta Self. “Mas eu não sei se alguém mais teria conseguido sair de lá."

Self também observa que se “Chalk 2” não tivesse aberto caminho montanha acima, no momento em que o fez e, então, rapidamente assaltado o topo da serra, “Chalk 1” teria, muito provavelmente, estado mais exposto ao contra-ataque inimigo do sudeste.

“Nós teríamos tido a força inteira deitada no lado da montanha, sendo alvejada por detrás,” conta Self.

Ainda assim, os Rangers permanecem assombrados por outras decisões, especialmente a de atrasar sua evacuação até a escuridão. Poderia uma evacuação antecipada ter salvo a vida de Cunningham?

“Isso é alguma coisa sobre a qual estamos nos perguntando agora pela maior parte de um mês e meio,” disse em entrevista no início de maio, o capitão Joseph Ryan, comandante da Companhia Alfa, que inclui o pelotão de Self. “Mas não há uma resposta certa para essa questão.”

Self nos conta: “Tantas decisões que tomamos nesse dia que podiam ter saído de outra forma. Um bocado de “e se”. Essa foi uma dessas decisões. Ela foi um dilema, e houve conseqüências.”

Tudo somado, foi um dia tanto de tragédia quanto de coragem; de má sorte e de sincronização fortuita; de pobre coordenação e de verdadeira fibra. O socorrista Ranger falou sobre os “positivos” e os “negativos” da experiência.

“O positivo foi que nós fomos participar do jogo e todo mundo se saiu extremamente bem,” ele disse. “Todo mundo fez o que havia sido treinado para fazer, todo mundo se desempenhou bem acima do padrão. Foi negativo porque, participando do jogo, e perdendo, é, definitivamente, muito desagradável. E até que você, realmente, veja isso como nós passamos a ver, fica uma espécie de coisa misteriosa.”

“Sendo bem franco,” ele acrescentou, “Eu penso que se caras com nosso trabalho tivessem de lidar ou pensar sobre isso um pouco, acho que haveria um bocado a menos de nós.”

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Mensagem por Admin Seg Set 29, 2014 11:39 pm

Não são os Seals, mas é uma passagem da guerra interessante.


VIRANDO A MESA: SOLDADOS AMERICANOS EMBOSCAM O TALIBAN COM RESULTADOS RÁPIDOS E LETAIS.

Por C. J. Chivers – The New York Times, 17 de abril de 2009.

Imagem

POSTO AVANÇADO DE KORENGAL, Afeganistão – Apenas os insurgentes da ponta eram disciplinados enquanto caminhavam ao longo da serra. Eles moviam-se, cautelosamente, com armas prontas e, pelo menos, 4,5 m entre cada homem, disseram os soldados que os surpreenderam.

Atrás destes, estava um punhado de combatentes taliban, caminhando em um grupo adensado, alguns com fuzis pendurados ao ombro – “muito do modo como dizem aos soldados para não fazer,” disse o especialista Robert Soto, o rádio-operador da patrulha americana.

Se estes insurgentes chegassem perto o bastante, sabiam os soldados, a patrulha poderia matá-los de uma tacada só.

Combate por combate, a guerra do infante no Afeganistão, é, com freqüência, travada nos termos do Taliban. Os insurgentes emboscam comboios e patrulhas a partir de serras altas, ou de alcances longos e escapolem enquanto os americanos, sobrecarregados pelo equipamento, devolvem o fogo e pedem apoio aéreo e de artilharia. Na última semana, uma patrulha da 1ª Divisão de Infantaria reverteu a rotina.

Um pelotão americano surpreendeu uma coluna taliban numa serra boscosa, à noite, e matou, pelo menos, treze insurgentes, e talvez mais, com fuzis, metralhadoras, minas “Claymore”, granadas de mão, e à faca.

A luta unilateral, travada nas encostas da mesma montanha onde uma patrulha SEAL da Marinha foi cercada, em 2005, e um helicóptero com reforços foi abatido, não muda a guerra. Ela foi uma das centenas de tiroteios que tem ocorrido no Vale do Korengal, uma isolada região, onde insurgentes locais e os americanos tem estado amarrados num amargo impasse por mais de três anos.

Mas, enquanto os relatos da luta se espalham, a emboscada, na Sexta-Feira Santa, tornou-se um ponto de agrupamento para os soldados na Província de Kunar, que a vêem como um uma validação de seu equipamento e adestramento, e um bem-vindo desempate numa área que, nos anos recentes, tem clamado mais vidas americanas do que qualquer outra.

A patrulha de trinta soldados do I Batalhão, 26º Regimento de Infantaria, deixou seu posto avançado, antes do meio-dia de 10 de abril, e passou a maior parte do dia, escalando uma serra, no lado oposto do Rio Korengal, de acordo com entrevistas com mais da metade dos participantes.

Uma vez que os soldados alcançaram a crista da serra, quase 1.800 metros acima do nível do mar, ao lado de um pico chamado Sautalu Sar, eles encontraram pegadas frescas nas trilhas, e parapeitos de rocha, de onde os combatentes taliban, freqüentemente, disparam fuzis e rojões anti-tanque, para baixo, na direção do posto avançado americano.

O líder de pelotão, 2º tenente Justin Smith, selecionou um ponto, onde as trilhas se cruzavam, e o pelotão cavou rasos poços de tiro, antes de escurecer. Minas anti-pessoal “Claymore” foram dispostas entre as árvores próximas.

Ao pôr do sol, o tenente Smith ordenou um período de silêncio absoluto, que duraria até o escurecer. Então, ordenou que três batedores se posicionassem num posto de escuta, cerca de 90 m distante, afastados uns 10 m da trilha.

O sargento Zachary R. Reese, um tocaieiro, sussurou em seu rádio. “Temos oito elementos inimigos vindo, rápido, para nossa posição,” disse. Ele não pôde falar mais; os combatentes taliban estavam a metros de distância.

Mais apareceram. Então, ainda mais. O sargento contou 26 homens armados passando por ele.

A patrulha, constituída pelo 2º Pelotão da Companhia “B”, estava num lugar onde nenhum americano tinha passado a noite, há anos, e parecia que os afegãos não esperavam perigo.

Os soldados aguardaram. Desde há muito eles estavam adestrados nas regras da emboscada: ninguém se move e ninguém atira, até que o líder da patrulha dê a ordem. Então, todos devem atirar, de uma só vez.

O terceiro combatente taliban na coluna, ligou uma lanterna, disseram os soldados, e, rapidamente, a desligou. Cerca de 45 m separavam os dois lados, mas o tenente Smith não queria dar início ao tiroteio tão rápido, disse ele, “porque, se muitos deles saíssem vivos, então teríamos de ficar lá, enfrentando-os a noite toda.”

Ele deixou a coluna taliban continuar. Os soldados marcaram os combatentes que se aproximavam, com os lasers infra-vermelhos de suas armas, que são visíveis, somente, com equipamento de visão noturna. Os lasers marcam o caminho que as balas vão voar.

O combatente ponteiro alcançou o pelotão, quando o praça de 1ª classe Troy Pacini-Harvey, 19 anos, com seu laser marcando a testa do homem ponteiro, moveu a alavanca do seletor de tiro de seu fuzil, de segurança para semi-automático. Isto gerou um ruído quase inaudível. O combatente taliban congelou. Ele estava 2 m afastado.

O tenente Smith era novo no pelotão. Esta era sua quarta patrulha. Ele estava na situação que todo tenente de infantaria se prepara, mas quase nenhum encontra. “Fogo,”, ele disse, suavemente, no rádio. “Fogo. Fogo. Fogo.”

A frente do pelotão explodiu com barulho e clarões, enquanto os soldados atiravam. As balas atingiam todos os combatentes de ponta taliban, disseram os americanos. Os primeiros afegãos tombaram onde foram atingidos, não conseguindo devolver um único tiro.

Cinco combatentes talibans desviaram-se para a esquerda dos soldados, inconscientemente correndo direto para o caminho das balas de metralhadora e as minas “Claymore”. Por um momento, os soldados ouviram um farfalhar no mato. Eles detonaram suas “Claymore” e arremessaram granadas de mão. O farfalhar parou.

Dois outros combatentes taliban rumaram para a direita, rumo a um grande tombo. Um correu tão desvairadamente na escuridão que voou direto pelo despenhadeiro, disseram vários soldados.

Outro parou na beirada. O praça de 1ª classe Brad Larson, 19 anos, tinha seguido o homem com seu laser. “Eu o liquidei”, disse ele.

O batedor no posto de escuta alvejou três dos combatentes fugitivos, e despachou mais dois com granadas de mão. “Nós paramos aqueles que pudemos ver,” disse o sargento Reese.

O tiroteio tinha durado uns poucos minutos. A colina, por um instante, ficou quieta. Os combatentes taliban sobreviventes, alguns dos quais tinham recuado pela trilha, começaram a gritar nas sombras. “Podíamos ouvi-los chamando uns pelos outros,” disse o especialista Soto.

O tenente Smith mandou o posto de escuta recuar. Logo depois, dois helicópteros “Apache” surgiram, um F-15 lançou uma bomba sobre a rota de fuga dos taliban, cerca de 540 m acima da trilha. Então, o tenente ordenou que esquadras revistassem os corpos que pudessem encontrar na serra.

O sargento Reese deu seu fuzil para outro tocaieiro a fim de cobri-lo, enquanto ele tentava cortar as bolsas de munição de um combatente taliban, com uma faca de 4 polegadas de lâmina. O combatente estava, apenas, fingindo-se de morto, disseram os soldados. Ele fez um movimento brusco contra o sargento Reese, que lhe enfiou a faca inteira no olho esquerdo.

No total, os soldados encontraram oito corpos na serra. Eles os fotografaram para tentar identificá-los mais tarde, e coletaram suas armas, munições, rádios e documentos. Então, a patrulha fez uma varredura descendo uma ravina, onde um piloto disse ter visto mais insurgentes se escondendo.

Quatro batedores, usando equipamento de visão noturna, divisaram cinco combatentes agachados por trás das rochas, e os mataram com fogo de fuzil e metralhadora. Os corpos, também foram revistados e fotografados. O pelotão começou a recuar para o posto avançado, carregando o equipamento capturado.

O 2º Pelotão, Companhia “B”, tinha passado por uma das mais árduas atribuições no Afeganistão. Oito dos soldados do pelotão tinham sido feridos em nove meses de luta no vale, parte de uma amarga disputa pelo controle de uma área pequena e esparsamente povoada.

Três outros tinham sido mortos.

Em questão de minutos, a emboscada mudou a experiência das temporadas dos soldados. O grau da virada surpreendeu, até mesmo alguns dos soldados que participaram.

“Foi a primeira vez que a maioria de nós, até mesmo, via os caras que estavam atirando na gente,” disse o Sargento Thomas Horvath, 21 anos.

No dia seguinte, os anciãos do vale pediriam permissão para recolher os mortos da aldeia. O comandante da Companhia “B”, capitão James C. Howell, a concederia.

Mas, já, enquanto os soldados desciam a montanha, a notícia da derrota dos insurgentes estava viajando através das redes Taliban.

O especialista Roberc C. Oxman, 21 anos, tinha colocado o telefone de um combatente morto em seu bolso. Enquanto o pelotão descia, o telefone tocou, e tocou, aparentemente, enquanto outros combatentes taliban chamavam para descobrir o que tinha acontecido no Sautalu Sar. Quando o sol nasceu, ele já estava tocando há horas.

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