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AÇÃO EM GARMSER

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Mensagem por Admin Ter Set 09, 2014 3:25 pm

AÇÃO EM GARMSER.

Garmzer era um grande povoado, completamente vazio de moradores, devido á tomada do centro do distrito pelo Taliban. A luta dentro e em volta deste povoado durou cerca de 3 a 4 dias, parando e recomeçando. O TIC deste relato foi por volta das 12:00 h da tarde do terceiro dia.

Minha seção de fuzileiros tinha um PO (posto de observação) numa estrada, numa ponta no final do povoado, observando uma passarela atravessando o canal (15-20 metros de extensão, profundo e com correnteza rápida).

Meu líder de pelotão, com elementos da 1ª e da 3ª Sç Fzo e o grupo de comando do pelotão, com uma seção de fuzileiros do Exército Nacional Afegão (ANA, Afghan National Army) e duas equipes incorporadas de treinamento americanas (ETTs, Embedded Training Team, encarregadas de adestrar os afegãos) estavam avançando rumo à passarela para obter uma boa visão da área no lado afastado do canal. Imediatamente após atravessarem a passarela, ocorreu o contato.

Um rude traçado do terreno: no lado afastado do canal está uma estrada, ligeiramente mais elevada do que a margem do canal, e no lado mais distante da estrada está um muro, entre 1 a 2 m e percorrendo toda a extensão da estrada (como em toda a parte) o contato tinha vindo além do campo que este muro formata como uma caixa, aproximadamente 75-100 m (todo campo é encaixotado por um muro).

Agarrei meus três sujeitos e corri para a passarela, enquanto nosso LAV iniciava seu movimento para uma boa posição de cobertura (o LAV não podia atravessar o canal). Cruzei a ponte com meus sujeitos e vimos que a 1ª Sç Fzo estava pressionando, com força, na esquerda, para tomar uma instalação-chave para guardar nosso flanco. O líder de pelotão estava no rádio, chamando a artilharia e tentava assegurar a parte mais próxima do muro com a 3ª Sç Fzo, o Gp Cdo e a seção do ENA, portanto, eu avancei para o flanco direito.

O volume do fogo inimigo, neste ponto, era muito elevado, montes de PKM e RPG estavam vindo, portanto, começamos a alvejar os bunkers deles, com M203 e C-9, o melhor que podíamos. Percebemos uma mudança no fogo para o nosso lado direito, os “timmies” tinham começado a nos flanquear, usando uma junção em forma de “T”, cerca de 125 m subindo a estrada, eles tinham que se mover pouco, sempre cobertos por seu muro, ao longo do final do “T”.

Os “timmies”, então, começaram a nos acertar pra valer, vindo do lado descendo a estrada, com fogo de PKM e RPG. Com meus três sujeitos, mais dois outros, começamos a pressionar subindo a estrada, até a junção, agora, recebendo fogo dos bunkers originais, tanto como dos elementos na junção em “T”.

Meu LAV já tinha começado a fornecer apoio para a 1ª Sç Fzo, portanto eu não tinha nenhum apoio imediato, durante uns poucos minutos. Estávamos fazendo um lento progresso, três camaradas se lançando à frente, atirando e se movendo ao mesmo tempo, fazendo uma pausa e então sendo substituídos pelos três sujeitos, bem atrás de nós. Um tipo de “Saída Australiana” ao reverso (”Aussie Peelback”, uma técnica de retraimento em combate).



Nós cerramos para dentro de uns 50 metros do Taliban e os suprimimos eficazmente, quando o LAV da 1ª Sç Fzo chegou (ele teve de dirigir pelo outro lado do povoado) estava a cerca de 75 m afastado de nós e, naturalmente, no outro lado do canal. Ele, de pronto, deixou os “timmies” saberem que havia chegado.

Agora, neste ponto, eu esperava, completamente, que os “timmies” vazassem. O LAV não sabia, exatamente, onde eles se localizavam, mas estava atingindo tudo em volta deles. Mas eles não vazaram. Agora, mais talibans, de cerca de 300 m começaram a disparar mais RPG e RPK contra o LAV - e os RPG estavam com fuso de tempo -, eles, rapidamente, enquadraram o LAV. Assim, o comandante foi forçado, com freqüência, a diminuir o ritmo - nos retardando mais ainda -, ele agora tinha de lidar com estes inimigos e o Taliban, de quem já tínhamos nos aproximado, disparou outro RPG, errando por pouco o LAV.

Decidimos fazer outro lanço para ficar dentro do alcance de granada, utilizando ambos os M203, enfiamos o fosso e a folhagem no qual o grupo taliban estava se ocultando, então, demos uma arrancada até outro pedaço de cobertura. O LAV percebeu onde nossos M203 estavam atingindo e começou a varrer o fosso com munição HEI-T (High Explosive Incendiary Tracer). Isto acabou com aquele destacamento taliban de três homens. Agora, estávamos no flanco deles, e isto desmascarou seu fogo. Agora, voltamos nossa atenção sobre o inimigo, afastado uns 300 m, e alguns ainda a 75-100 m distantes, nas suas posições originais. Com nossas novas e vantajosas posições no flanco deles, forçamos um monte de talibans a se retirarem, ou se exporem, movendo-se para outras posições, onde nós, ou o LAV, os pegavam.

Foi aí que o LAV começou a trabalhar, com um bom comandante de guarnição, usando bons equipamentos de tiro, ele pode desmontar defesas, com muita rapidez. Os “timmies” ou resistem e morrem, ou vazam e morrem. Ocasionalmente, ele pode escapulir, se a posição for bem-preparada o bastante.

Foi por este momento quando os primeiros obuses da artilharia caíram sobre os bunkers originais, Deus abençoe os canhões. Em todo TIC no qual participei, e onde foram utilizados os canhões, fiquei impressionado pela sua velocidade e precisão. Impactos diretos sobre vários bunkers.

Um mensageiro do pelotão apareceu e disse que estávamos nos retirando através da ponte, de volta para o povoado. Ainda recebendo fogo, de pouco a moderado, de posições distantes, retraímos ao longo do muro. Disparando enquanto procedíamos, com o LAV somando seu fogo, e o 3º Pelotão tendo chegado para nos cobrir. De volta na ponte, começamos a atravessá-la quando meu atirador de M203 parou e começou a praguejar, “Essa merda de trava ambidestra de carregador!” e começou a procurar seu carregador que havia caído da arma. Eu o lembrei de que tínhamos vários de reserva... “será que, por favor, poderíamos continuar nos movendo?”

Rompemos contato – com a artilharia executando fogo de limpeza – de volta para o povoado. Sendo devorados pelas moscas do deserto e tendo recebido ordens para fazer a barba.

Tudo isto levou 90 minutos.


LIÇÕES DA AÇÃO EM GARMSER.

1- Organização ad-hoc – Eu não lembro de ter ocorrido uma luta onde tivéssemos a mesma organização, duas vezes. Todo contato de acaso ocorre quando você não está numa bela formação. Portanto, tínhamos camaradas que não estavam com suas seções etc e tal. Se você acabar com extraviados, bote-os para trabalhar, preocupe-se com o quadro de organização, mais tarde. Durante esta luta em particular, eu tive três auxiliares de seção de fuzileiros e nosso sargento de viaturas anexados, inadvertidamente, à minha seção. Todo mundo simplesmente, acaba fazendo o que pode onde eles são mais adequados. Meu LAV acabou prestando apoio à 1ª Sc Fzo, bem no começo da luta, portanto, fiquei sem apoio da viatura até que o LAV da 1ª Seção entrou em cena. Ele, simplesmente, apresentou-se onde era mais necessário e foi em frente com a luta.

2 – Artilharia. Todos os líderes de pelotão precisam ser safos no pedido de apoio de fogo indireto. Isto salva vidas; é um enorme prejuízo psicológico para os “timmies” e um grande reforço para os rapazes, na linha de frente, vendo um arrebentamento aéreo destroçar o teto de um bunker taliban. Nosso líder de pelotão era muito bom ao “interpretar” o que os canhões precisavam saber, assim, nós conseguíamos o melhor deles. Deus abençoe os canhões.

3 – Quaisquer adestramentos que sejam NGA (Norma Geral de Ação) para você, para determinada situação, devem ser praticados, um bocado. A “Saída Australiana” se destinava a ser utilizada em certas situações de emboscada, com apenas uma estrada como espaço de manobra, parecia ser uma opção viável e mantinha nosso impulso.

4 – Esta é uma luta do comandante de seção, nosso líder de pelotão era grande ao nos deixar desenvolver a luta para ele. Quando via alguma coisa a ser explorada, ENTÃO, ele nos colocava em movimento quando/onde/como ele queria. Até aí, nós tínhamos um bocado de latitude para tomar terreno e nos movimentar como fosse necessário. Você nunca deve ter a sensação de ficar sendo mandado atacar alguma coisa. Seu líder de pelotão precisar estar lá, se for necessário para proteger suas costas, caso você acabe indo longe demais.

5 - O que é o próximo ponto: esta quantidade de latitude pode subir à cabeça e dar-lhe a sensação “eu sou fodão, posso qualquer coisa”. Não se distenda além de seus limites. Com umas poucas lutas nas costas você pode, algumas vezes, se tornar folgado e achar que pode mais do que realmente é capaz. Em Hyderabad eu estava virando um canto, na frente de nossa fileira, achando que já tínhamos limpado montes de recintos, e que este não seria diferente. Onde devia haver um quarto e sala, havia cerca de oito aposentos e fogo vindo de todos eles. Pare, esfrie a cabeça e tenha um instante de reflexão, avaliando as coisas. É uma experiência muito libertadora não ter uma equipe de prevenção de acidentes atrás de você, monitorando cada movimento. Por isto, você começa a pensar MUUUUITO fora do esquema. Somente, mantenhas as coisas simples.

6 – Em mencionei ressuprimento de munição antes, nosso pelotão tinha vários contêineres de “prontidão” no lado de fora dos LAVs. Cada seção tinha 25 carregadores de reserva num contêiner de munição, preso ao LAV, e também um contêiner para C-9 e M203. As granadas-de-mão estavam com os carregadores – desempacotadas com fita isolante em volta da alavanca e corpo. Em algumas lutas usamos, cada um, 15 ou mais carregadores, e granadas, montes de granadas-de-mão, sem contar as granadas de M203.

7 – O morteiro 60 mm do pelotão estava no meu LAV, armazenado com a placa-base e o bipé já anexados ao tubo, todos dobrados e juntos a dois pacotes de munição HE – com uma carga adicional no nosso LAV e munição de reserva em outras viaturas. E ele era desdobrado toda noite – a munição iluminante é demais – e na “fase de entrada” na luta em Garmser, nós desdobramos a peça ao lado do LAV, e pegamos um observador avançado taliban que estava pedindo seu próprio fogo de morteiro 60 mm contra nós (uma JDAM pegou a peça).

8 – Sacos de descarte (drop bags) devem ser incorporados num novo adestramento de mudança de carregadores. A maioria do meu pelotão utilizava sacos de descarte – eles são sacos semi-rígidos similares a sacos de magnésio (chalk bags) que os escaladores usam – ao invés de tentar colocar o carregador usado de volta na cartucheira, você, simplesmente, o joga no saco – isto acelera a mudança de carregador por vários segundos.

Muitas pessoas dizem, “ora, porque, simplesmente, não jogar o carregador usado no chão?” Em primeiro lugar, em vários combates estes carregadores vazios foram recuperados e reutilizados, portanto, eles não são descartáveis. Claro, você perde alguns aqui e acolá (para isto existem os sobressalentes). Em segundo lugar, a principal razão, acreditem ou não, é memória muscular. A maioria de nós era incapaz de, realmente, apenas deixar o carregador vazio cair no chão. Depois de anos colocando aquela porra de volta na cartucheira, o hábito entranhou-se em nós. Medo do sargento pode ter algo a ver com isto, mas, na maior parte é memória muscular.

9 – Eu mencionei, antes, o meu líder de pelotão (sim, “líder de pelotão” e não “comandante de pelotão”, é uma terminologia americana, e ela pegou em alguns pelotões). Eu não quero dar a impressão de que ele, apenas, ficava sentado assistindo a luta ou pedindo missões de apoio de fogo. Ele estava no grosso do combate, como qualquer outro; ele entrava pelas portas; ele brigava feio na frente, como todos os garotos – como fazia, também, o nosso suboficial de pelotão (warrant officer). Este adorava pegar e disparar a metralhadora C-6 do pobre do metralhador, que a transportava (vídeo de Sangin). Você podia ouvi-los se bicando e xingando um ao outro no meio do combate:

Metralhador:

- Não fode! Eu carreguei ela, eu atiro com ela!

Suboficial:

- Dá um tempo! Me deixa dar uns tiros, só um pouquinho!

Metralhador:

- Era você que estava carregando ela?

Suboficial:

- Eu carrego da próxima vez, juro!

Metralhador:

- Você disse isso na última vez!

10 – Os Chimos (apelido dos engenheiros de combate canadenses). Eles também lutaram tão duro quanto qualquer outro. Quando meu LAV enguiçou, coloquei minha seção num LAV-Chimo, com o pessoal deste dirigindo-atirando-comandando. Você não treina para este negócio, isto apenas acontece.

11 – O efeito de lutar ao lado de aliados. Não estou certo se é isto, exatamente, que nos faz (canadenses) querer provar nosso valor quando temos americanos ou britânicos por perto. O maior cumprimento para nós é quando americanos dizem, “graças à Deus, vocês estão por aqui para esta luta”.

12 – Lute mais duro do que o inimigo. Isto soa óbvio, mas se você já jogou futebol com um time inferior, você pode se encontrar jogando pouco, ao nível deles. Isto acontece no combate, algumas vezes também. Quanto mais desesperada a sua situação, mais duro você luta, mas você precisa lutar assim, o tempo todo. Não que todo taliban seja um bom lutador, muitos são, porém, com os mais fracos não se pode lutar com menos espírito de destruição, só porque eles não estão lutando bem (você pode, rapidamente, discernir contra quem você está lutando.)

- Um general de duas estrelas americano visitou-nos antes de uma batalha em Panjawi e resumiu isto dizendo “se acabarem com eles uma vez, realmente, estejam certos de que eles morreram, e nunca mais terão de lutar contra os mesmos sujeitos outra vez.”

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Mensagem por Admin Ter Set 09, 2014 3:26 pm

Center peel ou peelback australiano.

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